“Wonka” é um filme de origem que se baseia no clássico de 1971 “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, na época estrelado pelo icônico Gene Wilder, que inclusive rendeu um dos memes mais famosos da Internet:
Importante dizer isso porque o filme dirigido por Paul King, responsável pela sensacional franquia para família de “As Aventuras de Paddington” apresenta o protagonista como se todo mundo tivesse a obrigação de conhece-lo, o que está longe da verdade, mesmo contando que existe aquela versão de Tim Burton sobre a Willy Wonka e a fábrica de chocolates feita em 2005, mas que para esse spin-off é esquecida.
Outro ponto importante é que “Wonka” é um musical. Importante porque independente da qualidade da história, nem todo mundo tem afinidade com o gênero, até porque, mesmo que a trilha de Joby Talbot – que arrasou na franquia de animação “Sing – Quem Canta Seus Males Espanta” – seja excelente, o fato do roteiro focar muito na música, tendo a mesma relevância do que a ação, pode levar ao povo mais mainstream torcer o nariz.
Dito isso, Timothée Chalamet (“Até os Ossos”) está perfeito como o jovem Wonka, que chega à Londres do início do século passado com o sonho de abrir sua loja de chocolates e realizar um sonho antigo compartilhado com sua mãe. Só que ele acaba sendo vítima de vilões que o prendem numa estalagem e também está na mira de um maquiavélico cartel do chocolate.
O design de produção é de tirar o chapéu (sem trocadilhos), indo desde o figurino, passando pela cenografia e com belíssimos efeitos especiais. A maquiagem que faz com que os personagens ficarem caricaturais acerta no ponto e, com pouca variação, o elenco está afiado para aquele humor bem família sem ser pedante demais.
Alguns destaques: Hugh Grant (“Dungeons & Dragons”) dá um show como Oompa-Loompa e é caracterizado exatamente como no original de 1979. Um detalhe que pouca gente sabe é que no livro no qual a história é baseada os Oompa-Loompas tem uma descrição muito pobre, praticamente falando sobre seu tamanho, ou seja, a aparência deles foi criada para o filme de 1971 e seguida por essa nova produção. A belíssima música original de 1971 também é usada no último ato e chega a emocionar.
alvez o único – e maior – problema é o ritmo. As pausas musicais, por melhores que sejam quebram o ritmo de um filme que, em tese, traria uma dinâmica muito mais acelerada (o que atrai as crianças), mas do jeito que está a proposta, vai tendendo mais para um leve drama, o que pode não agradar a todos, principalmente quem não conhece bem a história original.
“Wonka” funciona mais como um ótimo musical para quem está por dentro do clássico de 1971 e mostra ótimas atuações, um Timothée Chalamet em seu carisma máximo, um Hugh Grant no seu timing cômico britânico perfeito e uma deliciosa construção de um universo com um enorme potencial por trás de uma história cativante.
Ficha Técnica:
Elenco:
Timothée Chalamet
Calah Lane
Keegan-Michael Key
Hugh Grant
Sally Hawkins
Rowan Atkinson
Tom Davis
Olivia Colman
Matt Lucas
Kobna Holdbrook-Smith
Paterson Joseph
Mathew Baynton
Freya Parker
Jim Carter
Rakhee Thakrar
Natasha Rothwell
Rich Fulcher
Colin O’Brien
Ellie White
Rufus Jones
Simon Farnaby
Phil Wang
Dominic Coleman
Tracy Ifeachor
Alison Pargeter
Direção:
Paul King
História e Roteiro:
Simon Farnaby
Paul King
Produção:
Alexandra Derbyshire
David Heyman
Luke Kelly
Courtenay Valenti
Fotografia:
Chung-hoon Chung
Trilha Sonora:
Joby Talbot
