Desde já uma das melhores diversões de ação do ano que não veio do mundo dos super-heróis ou de alguma franquia conhecida.
Olha que tinha tudo para dar errado: o universo do jogo RPG Dungeons & Dragons já inspirou diversos filmes e também um dos desenhos animados mais famosos do Brasil nas décadas de 80 e 90, “Caverna do Dragão”. As adaptações cinematográficas geralmente descambavam para histórias medianas, efeitos especiais de segunda linha ou piadas fora de hora. Surpreende então que esse novo exemplar de D&D seja uma comédia pura de ação e não o inverso, principalmente pelo fato de que funciona perfeitamente estando em completo equilíbrio com o seu contexto do jogo.
O filme já começa surpreendendo pela maneira com que introduz a história, contada pelo harpista Edgin (Chris Pine de “Não se Preocupe Querida”), onde ele e seu grupo de ladrões roubam um artefato poderosíssimo sem saber que estão despertando um grande mal. Ao escapar da prisão com sua comparsa Holga (Michelle Rodriguez da franquia “Velozes e Furiosos”), eles se reúnem novamente para salvar o reino da malvada feiticeira Sofina (Daisy Head de “Pânico na Floresta”).
O roteiro é engraçadíssimo e consegue unir piadas que funcionam perfeitamente com o timing cômico de seu elenco, onde Pine dá um show, juntamente com o antagonista Lorde Forge, interpretado de forma deliciosa por Hugh Grant (“Esquema de Risco”), e até mesmo Regé-Jean Page de “Agente Oculto” que faz o seríssimo Xenk acerta sempre que a piada cai para ele.
Os diretores John Francis Daley e Jonathan Goldstein que já haviam achado um ótimo tom para comédia em “A Noite do Jogo”, repete o feito aqui, com o plus de conservar o gênero de aventura como a grande atração.
Efeitos especiais excelentes com ótimas tomadas de câmera dão o dinamismo frenético e ainda sempre situam o espectador na narrativa independente do seu conhecimento sobre o universo de D&D. Há entretanto algumas surpresas sensacionais – vejam na parte de spoilers – para fãs de todas as épocas.
“D&D – Honra Entre Rebeldes” é tudo o que o cinema mainstream precisava em qualidade e narrativa resultando pouco mais de 2 horas divertidíssimas.
Curiosidades:
- Chris Pine aceitou participar do filme por causa do seu sobrinho que adora o jogo.
- Mesmo que a o roteiro não tenha colocado nomes na maioria dos feitiços lançados no filme, todos eles fazem parte do jogo. A produção cuidou para que todos fossem extraídos dos originais.
- O guitarrista da banda Rage Against The Machine, Tom Morello, faz uma participação especial na cena da Arena.
- A prisão de onde Edgin e Holga escapam se chama Revel’s End.
- Uma das poucas licenças poéticas do filme é que a druida Doric (Sophia Lillis de “Tio Frank”) não conseguiria se transformar na criatura Coruja-Lobo se fosse no jogo. A criatura coruja-lobo é considerada no jogo uma monstruosidade e um dos “animais” que os druidas não podem se transformar.
- No primeiro dia de filmagens, Hugh Grant teve um surto com uma mulher que ele achava que era uma das produtoras do filme, causando um climão. Só que ela era apenas a assistente da figurinista que por acaso estava lá. Ele se desculpou depois. Grant é conhecido pelo seu temperamento difícil.
- Duas partes importantes do trailer aparecem de forma diferente no filme: o diálogo sobre os degraus não serem afiados logo no início (foi editada) e quando a parte de quando acionam sem querer uma armadilha (foi estendida).
***SPOILERS – SÓ LEIA DEPOIS DE ASSISTIR AO FILME***
- Na cena do labirinto, o grupo que está do lado dos nossos heróis é formado simplesmente pelos PERSONAGENS DO DESENHO CAVERNA DO DRAGÃO!!! Uma dos melhores presentes para os fãs brasileiros!!!
Ficha Técnica:
Elenco:
Chris Pine
Michelle Rodriguez
Regé-Jean Page
Justice Smith
Sophia Lillis
Hugh Grant
Chloe Coleman
Daisy Head
Bradley Cooper
Spencer Wilding
Will Irvine
Nicholas Blane
Bryan Larkin
Sarah Amankwah
Colin Carnegie
Direção:
John Francis Daley
Jonathan Goldstein
História e Roteiro:
Jonathan Goldstein
John Francis Daley
Michael Gilio
Chris McKay
Produção:
Brian Goldner
Jeremy Latcham
Nick Meyer
Fotografia:
Barry Peterson
Trilha Sonora:
Lorne Balfe