Till – A Busca Por Justiça (“Till”)

Till” conta uma história tão triste e pesada que fica difícil não esboçar o mínimo de indignação. Imagine em 1955, quando a segregação era uma realidade nos EUA, uma mãe negra de Chicago, Mamie Till-Mobley, deixa o filho Emmet passar uns dias com os primos no sul dos EUA, na época racista até o osso (hoje ainda bastante) e ele é brutalmente assassinado. Sendo que o filme conta essa história e da luta de Mamie por uma justiça que parece nunca vir.

Contudo, a diretora Chinonye Chukwu perdendo todas as oportunidades narrativas para andar num ritmo que só ela entendeu. Começa pelo primeiro ato onde há uma superexposição do que ainda vai acontecer. Parece que todo mundo já estava sofrendo por algo que ainda não se passou, desde a protagonista Danielle Deadwyler que só aparece em ataques de ansiedade, focados pela própria diretora, até a trilha sonora de Abel Korzeniowski (“Emily”) que não se segura em bradar a catástrofe anunciada. Tanto que quando ela acontece, é o ritmo que pauta a história e não vice-versa, como se a história tivesse que correr para chegar aonde o filme está.

Por isso o segundo ato já transita bem melhor, onde as expectativas estão no lugar, o elenco está mais equilibrado com o contexto, a protagonista com uma performance bem mais encaixada, e o ritmo está mais aderente.

Já o último ato segue sem um clímax e mais uma vez, não se sabe bem o que quis contar. Sem dar spoilers, pois a história já é triste demais sem eles, a luta de Mamie contra a violência racial é mais traduzida no texto antes dos créditos finais do que em seu ato final, quando apenas dá um vislumbre do que pode ou vai acontecer, diminuindo a própria relevância.

O destaque vai para o design de produção de reconstituição de época que também foi forte nos costumes (a cena do trem no início consegue ser forte sem ser agressiva), e também para a fotografia de Bobby Bukowski de “Escritor Fantasma” que subverte a emoção com tons coloridos, mas que, aí sim, percebe-se a arte e a justificativa artística para tal.

Till” tem uma história poderosíssima, que toca num nervo principal da América e é global. Inclusive a história salva a produção que não potencializar sua emoção. É uma história que faz o filme especial, apesar dele mesmo.

Curiosidades:

  • No filme é colocado que o marido de Mamie morreu na 2ª Guerra Mundial. Não foi bem assim. Ele foi executado por estuprar uma mulher italiana em 1945. Mamie já tinha se divorciado dele em 1942. Mamie só foi saber a verdade sobre o marido justamente por conta do processo sobre a morte de seu filho. A diretora não quis colocar essa informação para não polemizar.
  • Quando o filme estava em pré produção, uma testemunha ocular da morte de Emmet, seu primo Simeon, foi o consultor do roteiro até 2017, quando veio a falecer.
  • O produtor e roteirista do filme, Keith Beauchamp, já havia feito um documentário sobre o tema em 2005 chamado “A História Não Contada de Emmet Louis Till”.
  • O elenco principal só viu o boneco que representou o cadáver de Emmet na hora da cena para o impacto ser maior.

Ficha Técnica:

Elenco:
Danielle Deadwyler
Jalyn Hall
Whoopi Goldberg
Haley Bennett
Sean Patrick Thomas
John Douglas Thompson
Gem Marc Collins
Diallo Thompson
Tyrik Johnson
Enoch King
Carol J. Mckenith
Elizabeth Youman
Keisha Tillis
Sean Michael Weber
Eric Whitten
Njema Williams
Darian Rolle
Frankie Faison
Kevin Carroll
Keith Arthur Bolden

Direção:
Chinonye Chukwu

História e Roteiro:
Michael Reilly
Keith Beauchamp
Chinonye Chukwu

Produção:
Keith Beauchamp
Barbara Broccoli
Whoopi Goldberg
Thomas Levine
Michael Reilly
Frederick Zollo

Fotografia:
Bobby Bukowski

Trilha Sonora:
Abel Korzeniowski

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