Olhando em retrospecto, como ninguém pensou numa idéia tão simples como essa? Diversas continuações mais do mesmo e ainda a loucura de misturar predadores e aliens… mas nunca haviam pensado no óbvio: como eram as caçadas dos predadores há alguns séculos, neste caso, mais precisamente há 300 anos?
Este não é um filme de predador qualquer. Na verdade, ele se afasta da essência da franquia e coloca o Predador apenas como elemento de uma narrativa de sobrevivência, onde uma tribo indígena Comanche, nativos americanos, se defronta com uma série de ameaças naturais, humanas e, é claro, com nosso “amigo” interplanetário.
O drama humano tem quase o mesmo peso que a própria trama do Predador. Tanto que ocupa na totalidade o primeiro ato, quando conhecemos Naru (Amber Midthunder de “Na Mira do Perigo”), a jovem índia que luta para ser uma guerreira numa comunidade onde só homens podem ser grandes líderes, enquanto as mulheres apenas assumem seu lugar de esposas e mães (opa, olha a mensagem política aí). É nessa jornada que ela e sua tribo vai se encontrar com o Predador.
O roteiro foi meticuloso em apresentar um predador que há 300 anos atrás ainda não tinha a mesma tecnologia daqueles que conhecemos durante a franquia, com armas mais rústicas (ainda assim muito mais evoluídas que as da tribo) e até mesmo um certo despreparo para as ameaças humanas. Reparem como ele começa caçando animais, como se ainda não tivesse total ciência dos níveis de ameaça no planeta Terra. Isso faz com que as lutas se tornem mais críveis até para a vantagem (ou desvantagem) dos mocinhos.
O diretor Dan Trachtenberg de “Rua Cloverfield, 10” usou a violência gráfica com ótimos efeitos especiais na medida certa (ok, podia ser um pouco mais violento, vai…) e fez boas coregrafias de ação dentro do contexto da selva e ainda conseguiu diferenciar do cenário do “Predador” original de 1987 com Arnold Schwarzenegger que também se passava na selva.
“O Predador: A Caçada” consegue uma originalidade nunca antes imaginada pela franquia através de uma premissa simples e criativa com boas doses de ação. Definitivamente um bicho diferente (sem trocadilhos).
Obs: Atenção para a sequência animada durante os créditos finais.
Curiosidades:
- Duas linhas de diálogo fazem homenagem ao original de 1987: quando Naru fala “Faça isso. Faça isso agora” e quando o irmão dela fala “Se ele pode sangrar, ele pode morrer”, ambas ditas em ambos os filmes.
- O ator e cantor Dakota Beavers interpreta Taabe, o irmão mais velho de Naru. Só que na verdade, Dakota Beavers é 3 anos mais novo que Amber Midthunder.
- Quando o predador fica invisível na frente dos Naru e Taabe, ele grita algo em comanche que não é traduzido nem na legenda. O que ele grita é “Trapaceiro”.
- A flor que baixa a temperatura do ser humano, usada por Naru se chama Flor Tutsia Laranja.
***SPOILERS – SÓ LEIA DEPOIS DE ASSISTIR AO FILME***
- A postila datada de 1715 com o nome Raphael Adolini gravado nela é a mesma que o predador sênior dá para o protagonista Mike Harrigan (Danny Glover) em “Predador 2: A Caçada Continua”!!!
Ficha Técnica:
Elenco:
Amber Midthunder
Dakota Beavers
Dane DiLiegro
Stormee Kipp
Michelle Thrush
Julian Black Antelope
Stefany Mathias
Bennett Taylor
Mike Paterson
Nelson Leis
Tymon Carter
Skye Pelletier
Harlan Blayne Kytwayhat
Corvin Mack
Samuel Marty
Direção:
Dan Trachtenberg
Roteiro:
Patrick Aison
Dan Trachtenberg
Produção:
John Davis
Jhane Myers
Fotografia:
Jeff Cutter
Trilha Sonora:
Sarah Schachner