Planeta dos Macacos: O Reinado (“Kingdom of the Planet of the Apes”)

Quando foi lançado “Planeta dos Macacos – A Origem” em 2011, a idéia foi fazer um prólogo do que iria levar à realidade que vimos no clássico de 1968, “Planeta dos Macacos”, que foi refilmado em 2001 por Tim Burton. A idéia deu tão certo que o filme se transformou numa trilogia com “O Cofronto” e “A Guerra” em 2017.

Era para ter parado por aí, mas a Disney comprou a franquia, e você sabe como é a casa de Mickey Mouse: adora espremer as franquias. A notícia boa é que o primeiro filme dessa nova trilogia consegue ser tão bom quando os demais sem ainda (eu disse ainda) desvirtuar o futuro vislumbrado no original de 68.

300 anos se passam desde a era de César – e a gente sabe disso pela entrevista com o diretor Wes Ball de “Maze Runner” já que no filme a passagem do tempo é citada como “muitas gerações depois”.

Vemos então uma vila de macacos que desenvolveram a sua própria cultura e conhecemos nosso novo herói, Noa, filho do chefe da tribo. Quando uma tribo de macacos destrói seu vilarejo em busca de uma humana (Freya Allan de “A Bruxa dos Mortos”), os dois devem se unir para localizar a fortaleza dessa tribo maligna e resgatar a sua tribo. O que Noa não sabe é que a humana tem um propósito secreto.

O aspecto visual encanta: o diretor faz questão de closes arrasadores das microexpressões faciais dos macacos, mostrando o quanto a tecnologia avançou nos últimos anos, principalmente e de captura de movimentos. Os cenários também são arrebatadores e muitos já lembram o original (principalmente a parte da praia).

A história é o ponto alto por dois motivos importantes: primeiramente vemos o conflito entre tribos de macacos, mostrando que o preço da inteligência acaba sendo a sede de poder e de conquistar, o que faz os macacos do filme não serem diferentes dos humanos assim. Em contrapartida, pela primeira vez vemos humanos descendentes dos afetados com o vírus sem a sua racionalidade, agindo como animais.

O curioso é ver que desprovidos de inteligência, eles ficam inofensivos a ponto de outros animais se juntarem a eles, como na cena do riacho com as zebras. Aliás, todos os filmes da franquia trazem a pergunta se duas espécies diferentes providas de inteligência conseguem conviver em paz e harmonia. Por enquanto a resposta é que nem uma espécie só consegue.

O segundo ponto relevante na história é a bússola moral de certos personagens: a humana tem sua moralidade testada diversas vezes e só descobrimos no final seu plano, enquanto o vilão rei do clã Proximus é ao mesmo tempo criminoso e visionário, pois seu propósito é a preservação da espécie, contanto que seja a mais forte. Inclusive, tal qual o ser humano com a religião, Proximus usa o mito de Cesar para seus próprios objetivos.

Dessa forma, a dinâmica entre seus personagens e o contexto histórico que a produção oferece tem mais a dizer que o próprio protagonista ou suas eletrizantes cenas de ação, juntando o cerebral com o comercial num desfecho que pode – ou não – se desvirtuar da proposta dos realizadores do original, mas também pode abrir portas tão interessantes quanto.

Planeta dos Macacos – O Reinado” traz conteúdo ação e personagens interessantes no início de uma nova trilogia onde esperamos que faça jus ao passado e ao futuro da franquia.

Curiosidades:

  • Proximus é o latim para próximo ou perto. Proximus se compara a César como se fosse o “próximo César”.
  • O orangotango Raka inicialmente chama a humana de Nova, dizendo que todos os humanos são chamados assim incialmente. Em ambos “Planeta dos Macacos” de 1968 e em “Planeta dos Macacos – A Guerra” há um personagem humano chamado Nova.
  • Há uma cena em que um macaco pega uma boneca que fala “Mamãe”. Há uma boneca que fala a mesma coisa na mesma voz em “Planeta dos Macacos” de 1968.
  • Noa tem a mesma marca de nascença no peito que Cesar tinha.
  • A cena da humana correndo no mato alto foi uma homenagem à mesma cena de “Planeta dos Macacos” de 1968, onde o protagonista Taylor faz o mesmo.
  • O colar de Raka é o design da janela do quarto de Cesar em “Planeta dos Macacos – O Início”.
  • A espécie de macaco de Proximus é a bonobo, que é a mesma de Koba, o macaco sedento de poder na trilogia anterior, sugerindo que pode haver uma descendência aí.

***SPOILERS – SÓ LEIA APÓS TER ASSISTIDO AO FILME***

  • O final do filme subtende que os seres humanos ainda não acharam a cura para o vírus e que há poucos com imunidade, tal qual, Mae.
  • A cena de Mae com a arma com Noa no desfecho foi filmada com o intuito de que ela teria voltado para matar Noa, mas desistiu na última hora. Depois o diretor mudou de idéia querendo que na cena, a arma fosse apenas uma precaução caso ela fosse atacada. Para mudar totalmente a cena de contexto foi necessário apenas um artifício de edição sem se fazer nenhuma filmagem adicional.
  • Quando a comunicação entre humanos é reestabelecida, a vos do outro lado do rádio diz que eles falam de Fort Wayne, Indiana. Taylor, o protagonista de “Planeta dos Macacos” de 1968 diz que é de Fort Wayne, Indiana.
  • Noa vem de Noé, personagem bíblico. No final Noa ajuda os outros macacos a sobreviverem a uma grande inundação.

Ficha Técnica:

Elenco:
Owen Teague
Freya Allan
Kevin Durand
Peter Macon
William H. Macy
Eka Darville
Travis Jeffery
Neil Sandilands
Ras-Samuel
Sara Wiseman
Kaden Hartcher
Andy McPhee
Karin Konoval

Direção:
Wes Ball

História e Roteiro:
Josh Friedman

Produção:
Wes Ball
Joe Hartwick Jr.
Rick Jaffa
Jason Reed
Amanda Silver

Fotografia:
Gyula Pados

Trilha Sonora:
John Paesano

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