Depois de refilmagens e continuações e spin-offs, essa década presencia a ascensão de um novo tipo de correlato de filme: a pré-seqüência. O problema da pré-seqüência é que já sabemos como ela termina, portanto o cuidado em fazer algo de qualidade deve ser redobrado. Um ótimo exemplo é “X-Men: Primeira Classe”. Nesse campo, pode-se dizer que “Planeta dos Macacos – A Origem” cumpre com razoável êxito a meta de qualidade.
Num laboratório nasce o macaco César, interpretado por Andy Serkis, craque em ser ator de captura digital de movimentos que já nos brindou com o Gollum de “Senhor dos Anéis” e com “King Kong”. César foi geneticamente alterado e depois que uma experiência dá errado acaba indo morar com o cientista Will (James Franco de “127 Horas”) que busca a cura do Alzheimer através de substâncias as quais são testadas em macacos. Acontece que com César a substância funcionou de forma a aumentar gradativamente sua inteligência, o que leva a uma série de acontecimentos que pode definir o destino entre macacos e humanos.
Apesar de uma trama bem arquitetada, não há como não se encantar pelo trabalho da Industrial Light & Magic de George Lucas em cima das expressões faciais dos macacos, em especial de César. Tanto o brilho nos olhos quanto a transparência dos sentimentos – inclusive muito mais honestos que no resto do elenco humano – chega a ser surpreendente.
E sendo repetitivo: apesar de uma trama bem arquitetada, é incrível como o elenco humano parece apático, com o único destaque para John Lithgow de “Casa Comigo” como o pai de Will que sofre de Alzheimer e um dos motivos para os eventos catastróficos. A maioria dos personagens humanos parece completamente dispensável como Freida Pinto de “Você Vai Conhecer o Homem de Seus Sonhos” como a namorada zero a esquerda de Will que não tem nenhum propósito na história.
Também é difícil de engolir o clichê de um renomado cientista como Wil cometendo negligências infantis com o objetivo pseudo honrado de salvar o pai da doença. Tirando esse grave buraco no roteiro, a narrativa se desenrola de forma muito dinâmica e consistente, justamente porque sem mostrar explicitamente, já prevê o que vai acontecer no futuro (a animação nos créditos finais é bem ilustrativa ao mesmo tempo que discreta) e já pede uma continuação que, caso o filme seja um sucesso de bilheteria, certamente virá.
A curiosidade é que César – nesta produção fazendo analogia a Julio César que formou o Império Romano – também é o nome do macaco que na série de filmes sobre o planeta dos macacos da década de 70, também daria origem à dominação símia. Ele participa de “A Fuga do Planeta dos Macacos”, “A Conquista do Planeta dos Macacos” e “A Batalha do Planeta dos Macacos”. Entretanto não há conexão com essa pré-seqüência. Entre erros e acertos, “Planeta dos Macacos – A Origem” se estabelece como um bom divertimento e que pode dar origem a mais uma interessante saga.
Ficha Técnica
Elenco:
James Franco
John Lithgow
Tom Felton
Freida Pinto
Brian Cox
Andy Serkis
Tyler Labine
Jamie Harris
Leah Gibson
David Oyelowo
Chelah Horsdal
Karin Konoval
Richard Ridings
Direção:
Rupert Wyatt
Produção:
Dylan Clark
Peter Chernin
Rick Jaffa
Amanda Silver
Fotografia:
Andrew Lesnie
Trilha Sonora:
Patrick Doyle