Independente dos aspectos técnicos e artísticos, os filmes necessitam de uma conexão com o espectador. “Riqueza Tóxica” teve a estranha propriedade de não se conectar em nenhum nível (pelo menos comigo).
É claramente uma produção de ficção científica que, por ter poucos recursos (foi financiado por crowdfunding), quis ser mais filosófica, mas ficou pelo meio do caminho.
A história já começa usando linguagens e termos como se já conhecêssemos o universo onde se passa: Sophie Thatcher de “Boogeyman – Seu Medo é Real” e Jay Duplass de “Máfia da Dor” são filha e pai que por motivos desconhecidos, estão numa nave e descem numa “lua verde” para coletar um certo tipo de pedra orgânica muito valiosa, até que se deparam com o mercenário Ezra (Pedro Pascal de “Estranha Forma de Vida”) que inicialmente antagoniza, mas depois vai formar uma peculiar relação com a menina.
O filme investe pesado nessa relação, com diálogos fracos, onde metade não se entende por falar de um universo que nunca foi estabelecido previamente. Pior: como isso é uma parte irrelevante do diálogo que tenta aprofundar a relação entre os dois personagens, sendo que em nenhum momento é materializado na tela, o interesse sobre o tema e os personagens diminuem drasticamente.
Outro ponto que não casa é tentar desenhar um arco dramático em função dos personagens de Ezra e da menina Cee, sendo que ainda no primeiro ato, ocorre talvez a cena mais impactante para a garota que em menos de 15 minutos, ela parece ter esquecido. Até mesmo Pedro Pascal que exibe o carisma de sempre peca por ser o mesmo de sempre.
Finalmente a edição quebra o ritmo a toda hora e o design de produção é duvidoso com efeitos especiais mais ainda. Tentando dar um tom cult, mas parecendo apenas um arremedo de pseudo-boutique.
“Riqueza Tóxica” é pura enrolação, papo furado, emoções inconsistentes, ação medíocre e drama artificial.
Curiosidades:
- O roteiro foi escrito com Pedro Pascal em mente. Ele não precisou fazer audição.
- Todas as tomadas externas da “lua verde” foram filmadas na Floresta Olímpica de Washington.
- As partículas vistas em todas as toadas externas não são efeitos especiais. Foram sujeira de verdade que foi despejada no ar, filmada e depois sobrepostas nas cenas.
- O pai do diretor Zeek Earls faz uma participação no filme.
- A música tocada pela mercenária no terceiro ato se chama “Pasaulite” de uma banda da Letônica chamada “Eolika”.
Ficha Técnica:
Elenco:
Sophie Thatcher
Jay Duplass
Pedro Pascal
Luke Pitzrick
Arthur Deranleau
Andre Royo
Alex McCauley
Doug Dawson
Krista Johnson
Direção:
Christopher Caldwell
Zeek Earl
História e Roteiro:
Christopher Caldwell
Zeek Earl
Produção:
Dan Balgoyen
Garrick Dion
Scott Glassgold
Matthias Mellinghaus
Andrew Miano
Chris Weitz
Fotografia:
Zeek Earl
Trilha Sonora:
Daniel L.K. Caldwell