O Telefone Preto (“The Black Phone”)

Esse terror já ganha por ser despretensioso e por trazer uma premissa aparentemente óbvia, mas com desdobramentos bastante peculiares.

Após dirigir o primeiro “Doutor Estranho”, Scott Derrickson voltou aos filmes de terror e a à parceria com o sempre ótimo ator Ethan Hawke com quem trabalhou em “A Entidade”, para contar a história de um psicopata (Hawke) que sequestra e mata criancinhas. Até que o jovem Finney (o ator mirim Mason Thames) cai em sua armadilha e de início fica preso num quarto fechado que só tem um colchão e um telefone preto.

Então ele começa a receber ligações do além dos espíritos das crianças que já foram mortas para tentar ajudá-lo a escapar. Do lado de fora, sua irmã Gwen (Madeleine McGraw que já fez dublagem em “Toy Story 4”) também tem poderes mediúnicos e tenta usá-los para achar o irmão.

Na dinâmica do elenco, se o pré-adolescente Mason está correto como Finney, Hawke utilizou uma abordagem inovadora como o sequestrador que se mostra com várias personalidades sem que isso nunca seja citado. Inclusive o embate dele com Finney é bastante crível apesar das claras diferenças de idade, força física e maturidade.

Aliás, o grande golaço de Derrickson é que situações que poderiam ser descritas como absurdas por vários ângulos, conseguem ser muito bem digeridas dentro do contexto, sem que nada pareça apelativo ou que abuse da inteligência do espectador.

Voltando a falar do elenco, é impossível não se surpreender com a atuação da atriz mirim Madeleine McGraw que rouba acena em todos os momentos em que aparece. Seu monólogo brigando com Jesus é simplesmente sensacional e só por isso já valeria o filme.

O ritmo da produção oscila pouco, tem poucos sustos, mas tem um interessante desenvolvimento e consegue expor suas entrelinhas – os poderes mediúnicos dos irmãos, a natureza do sobrenatural, o psicológico do sequestrador, a trama do pai abuso – muito bem sem jamais prejudicar a linha dramática fundamental que é o sequestro de Finney e sua relação com o vilão.

O Telefone Preto” é uma grata surpresa que consegue espremer originalidade do batido tema “sequestro e cativeiro” misturando com o sobrenatural sem parecer piegas. Vale uma boa olhada.

Curiosidades:

  • O diretor gostou tanto da atuação de Madeleine McGraw em seus trabalhos anteriores que mudou as datas de filmagem só para caber na agenda da atriz mirim.
  • As máscaras do sequestrador foram feitas pelo mestre em maquiagens Tom Savini para propositalmente expor partes da face do vilão de acordo com sua personalidade.
  • O filme de terror que Finney assiste na TV é “Força Diabólica” de 1959.
  • O sequestrador é baseado no modus operandi de 3 serial killers conhecidos: Ted Bundy, John Wayne Gacy e Jeffrey Dahmer.
  • O roteirista Joe Hill é filho de ninguém menos que o mestre do terror, Stephen King. Inclusive ele faz uma homenagem ao pai na cena em que Gwen está andando de bicicleta na chuva já no último ato: sua capa amarela é igual ao do personagem mirim que morre na icônica cena do início de “It – A Coisa”, de King.

Ficha Técnica:

Elenco:
Mason Thames
Madeleine McGraw
Ethan Hawke
Jeremy Davies
E. Roger Mitchell
Troy Rudeseal
James Ransone
Miguel Cazarez Mora
Rebecca Clarke
J. Gaven Wilde
Spencer Fitzgerald
Jordan Isaiah White
Brady M. Ryan
Tristan Pravong
Jacob Moran
Brady Hepner
Banks Repeta

Direção:
Scott Derrickson

Produção:
Jason Blum
C. Robert Cargill
Scott Derrickson

Roteiro:
Joe Hill
Scott Derrickson
C. Robert Cargill

Fotografia:
Brett Jutkiewicz

Trilha Sonora:
Mark Korven

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