Meu Nome é Gal

Para um roteiro poder se converter em filme, do trash à arte, é preciso um elemento de conflito, a jornada do herói ou da heroína, seja numa trama ficcional ou baseado em fatos. Não é à toa que muitas “histórias reais” no cinema utilizam licenças poéticas para se dramatizarem um pouco mais e agradar o espectador.

“Meu Nome é Gal” aparentemente esqueceu dessa premissa simples. Segundo o próprio roteiro, a vida de Gal foi tranquila, apesar de se passar no período da ditadura militar. Chegou da Bahia e começou a cantar, fazer sucesso e se divertir com os amigos naquele clima hippie de sexo, drogas e… tropicalismo.

De vez em quando, bate uma deprê na Gal, não se sabe bem porque. Ela só quer cantar. E canta. Mas pouco, porque o filme prefere contar uma história em que pouco acontece. A ditadura tá aí, mas a gente quase não sente porque o filme não deixa. Se há alguma ameaça, em poucos segundos já estamos em outra cena e não há mais. Teve o exílio de Gilberto Gil e Caetano Veloso, mas é quase tratado como umas férias forçadas. Até a chegada da mãe de Gal é colocado como um suposto conflito, mas que se apaga em segundos.

As diretoras Dandara Ferreira e Lô Politi não quiseram se arriscar em nenhum conflito e acabaram colocando o filme todo em risco. Jogaram a linda da Sophie Charlotte que faz uma Gal apaixonante, mas com pouco para contar e para cantar.

Para esticar o filme, enchem de cenas de arquivo misturadas com cenas contemplativas em granulação antiga e assim o fazem até a história acabar, que por sinal, parece mais ter acabado porque deu o tempo regulamentar de 2 horas do que por ter completado algum arco narrativo.

E a indústria do tabaco soltando foguetes, pois parece que nenhum personagem consegue ser funcional se não estiver segurando ou tragando um maço de cigarros por cena num estranho campeonato de quem morre de câncer de pulmão primeiro.

Até no documentário “Elis & Tom” havia mais conflito do que nessa produção. A mesma co-diretora Dandara Ferreira (que também atuou no filme como Maria Betânea) também foi a diretora da série documental da HBO “O Nome Dela é Gal”, a qual deve ter sido bem melhor (não assisti).

Provavelmente se “Meu Nome é Gal” fosse um documentário, haveria mais música, mais contemplação, mais história e, porque não dizer, mais Gal. O jeito é ficar com a beleza de Sophie e descobrir por que Maria das Graças se chama Gal Costa. E só.

Ficha Técnica:

Elenco:
Sophie Charlotte
Luis Lobianco
Caroline Andrade
Fábio Assunção
Barroso Barroso
Chica Carelli
Elen Clarice
Ruriá Duprat
Nathalia Ernesto
Dan Ferreira
Dandara Ferreira

Direção:
Dandara Ferreira
Lô Politi

História e Roteiro:
Maíra Bühler
Ricky Hiraoka
Mirna Nogueira
Lô Politi

Produção:
Dandara Ferreira
André Fraccaroli
Marcio Fraccaroli
Lô Politi
Veronica Stumpf

Fotografia:
Pedro Sotero

Trilha Sonora:
Otavio de Moraes

Avaliações dos usuários

Não há avaliações ainda. Seja o primeiro a escrever uma.

Avalie o filme

Share on whatsapp
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on email
Share on telegram