O ano era 2007 e a comédia da família disfuncional “Juno” abocanhava um sucesso de público e crítica e alçou seu diretor Jason Reitman e a roteirista Diablo Cody ao sucesso absoluto. Essa dobradinha fez produções muito interessantes inclusive o sensacional “Tully” com Charlize Theron.
Mas foi só Cody sair da aba de Reitman que as coisas foram pelos ares. “Lisa Frankenstein” é mais um exemplo de mediocridade junto “Garota Infernal” que fora dirigido por Cody e foi só bonzinho.
Aqui Cody volta como roteirista e quem dirige é a filha do icônico e saudoso ator Robin Williams, Zelda Williams. O início é contagiante com uma animação que lembra Tim Burton e a belíssima música da banda When in Rome – The Promise, que já antevê a vibe retrô da produção que se passa em 1989.
Kathryn Newton de “Abigail” é a Lisa do título, uma introvertida garota que mora com seu pai na casa de sua madrasta e filha e vive aquela vidinha de nerd antissocial até que dá de cara com um zumbi que acabou de ressuscitar do cemitério ao lado (Cole Sprouse do gostosinho “A Cinco Passos de Você”).
Coloquei a expressão “dar de cara”, pois a partir desse momento o filme não se dá ao trabalho de sequer contextualizar nenhuma das situações em que se coloca. Liza tem uma transformação de personalidade e ambos começam a matar pessoas enquanto que o monstro se torna cada vez mais humano e apaixonado por ela. Para se ter uma idéia, a jornada emocional da criatura é mais crível do que a de Lisa, de tão mal desenhada que é.
O design de produção oitentista muito bacana, caricato e engraçado com fortes influências do album “Rio” do Duran Duran, que ainda tem Echo and the Bunnymen, The Zombies, Pixies, entre outros até tentam ofuscar a completa falta de nexo temporal e sentido do roteiro, mas fica muito difícil engolir. Mais ainda rumo a um final que ninguém entende, seja da parte do sentimento de Lisa, seja dos próprios acontecimentos que levam a um desfecho esdrúxulo.
“Lisa Frankenstein” teve todas as chances de brilhar com uma energia lá em cima, mas não soube traduzir a excelente premissa numa narrativa minimamente coesa.
Curiosidades:
- Há uma cena em que Lisa diz que seu diretor favorito é Pabst. Ela está se referindo a G.W. Pabst diretor austríaco que fez filmes de arte entre 1923 e 1956.
- Aparecem dois policiais, um chamado agente John e outro é agente Waters. Uma referência ao diretor de filmes B John Waters (gênero que essa produção homenageia).
- Quando Lisa fala que tem uma “Tia Shelley”, ela obviamente faz uma homenagem a Mary Shelley, criadora de Frankestein.
- No final a criatura usa um suspensório em forma de arco-íris, em homenagem ao personagem Mork, da série “Mork & Mindy” de 1978, traduzido para oportuguês como “Dias Felizes”, um dos primeiros programas de TV estrelados por Robin Williams, pai da diretora.
- No final do filme a criatura está lendo o livro “Para Mary”, coletânea de poemas que o marido de Marry Shelley fez para ela e que foi publicado postumamente pela própria Shelley.
Ficha Técnica:
Elenco:
Kathryn Newton
Cole Sprouse
Liza Soberano
Carla Gugino
Joe Chrest
Jenna Davis
Trina LaFargue
Paola Andino
Joshua Montes
Direção:
Zelda Williams
História e Roteiro:
Diablo Cody
Produção:
Diablo Cody
Mason Novick
Fotografia:
Paula Huidobro
Trilha Sonora:
Isabella Summers