Abigail

Um dos filmes mais divertidos do ano não poderia vir de outros diretores senão de Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, os caras que ressuscitaram a franquia “Pânico” e, mais do que isso, se estabeleceram antes com o excelente “Casamento Sangrento”. Aliás, “Abigail” é uma espécie de “Casamento Sangrento” turbinado.

O trailer já entrega a premissa: grupo de bandidos sequestra uma menininha e vão para uma mansão onde precisam esperar 24h para acabar as negociações. Claro que tudo era uma armação e a garotinha é uma vampira que está lá para matar a todos.

Mesmo com tudo as claras, o roteiro faz questão de manter o suspense, construindo com calma no primeiro ato a dinâmica de relacionamento entre os personagens, com o famoso jogo de desconfiança que aos poucos joga uns contra os outros até eles descobrirem que a verdadeira ameaça ainda está por vir.

Os diretores souberam dosar exatamente o humor para que o espectador se divertisse à vontade sem forçar a mão transformando numa paródia, ao mesmo tempo em que o terror misturado com ação se faz presente com uma deliciosa violência gráfica com direito a cabeças rolando, piscina de cadáveres, corpos explodindo, entre outros brindes para os fãs de gore, como se o próprio filme tivesse saído de uma daquelas HQs espertas de horror.

Sem contar que, além de ótimas referências pop a outros filmes de vampiros como “Entrevista com o Vampiro”, “Crepúsculo” ou “True Blood”,  a história consegue fechar todas as pontas soltas no meio do caminho e ainda conta com uma ótima reviravolta no final.

Nada seria tão bom se não fosse a protagonista mirim Alisha Weir, que já se destacou em “Matilda: O Musical” da Netflix. Ela dá um banho de interpretação, melhor que muito adulto por aí. Tem um carisma infinito, inteligentíssima e não se acanha em fazer as cenas mais pesadas. Sua participação é impressionante e é certamente a força propulsora da história.

Abigail” consegue estabelecer um universo vampiresco em um só filme que tem muita ação, humor e terror em doses perfeitas e desenvolve as situações mais inusitadas para prender o público até o final.

Curiosidades:

  • 99% das cenas de dublê da menina foram feitas pela própria Alisha Weir.
  • Logo no início do filme a menina é chamada em inglês pelos sequestradores de “Tiny Dancer” (Pequena Dançarina, mas na legenda está Pequena Bailarina). É uma refeência à música Tiny Dancer de Elton John.
  • O contratante da gangue dá nome fictícios a eles e no final chamam eles de “banda de ratos”. É uma referência ao RatPack, grupo de artistas que fizeram muito sucesso entre as décadas de 50 e 60. Os nomes que ele dá aos personagens são: Frank (Sinatra), Dean (Martin), Sammy (Davis Jr.), Joey (Bichop) e Peter (Lawford). Apenas um dos personagens, Sr. Wrickles, leva um nome diferente do RatPack.
  • O ator Angus Cloud, que interpreta Dean e que fez sucesso na série “Euphoria”, faleceu logo depois das filmagens por conta de overdose de drogas. Nos créditos finais, o filme é dedicado a ele.

Ficha Técnica:

Elenco:
Melissa Barrera
Dan Stevens
Alisha Weir
William Catlett
Kathryn Newton
Kevin Durand
Angus Cloud
Giancarlo Esposito
Matthew Goode

Direção:
Matt Bettinelli-Olpin
Tyler Gillett

História e Roteiro:
Stephen Shields
Guy Busick

Produção:
Paul Neinstein
William Sherak
James Vanderbilt
Chad Villella
Tripp Vinson

Fotografia:
Aaron Morton

Trilha Sonora:
Brian Tyler

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