“Nostalgia” é um filme sobre perda. Todos os tipos de perda, de coisas, de gente, de coisas que representam gente, de gente querida, de gente nem tanto. Perda por morte, afastamento e no caso de coisas, simplesmente perda ou doação. É sobre como as pessoas lidam com as suas perdas e com as perdas dos outros.
O diretor Mark Pellington do excelente “A Última Palavra” conta várias histórias interligadas por seus próprios personagens, onde no decorrer da narrativa um vai “passando o bastão” para o outro. O maior desafio é emocionar o espectador sem aprofundar tanto os personagens, já que em pouco tempo, ele sai de cena para dar lugar a uma nova história.
Apesar de ter um ótimo elenco, não é bem isso que acontece, pelo menos nos primeiros dois terços do filme. Lá temos John Ortiz (“Entre Realidades”) como um avaliador de bens de pessoas ou bens que se foram, onde se mostra a sua visão de conviver no seu trabalho com pessoas que sempre enfrentam a perda.
Então ele passa a bola para Ellen Burstyn de “O Conto”, senhora que perdeu a casa num incêndio, foi morar com o filho, mas fca dividida entre a lembrança de onde passou seus melhores anos com o marido falecido e o que fazer do futuro.
Daí ela passa a bola – literalmente – para Jon Hamm (“Top Gun – Maverick”) como o dono de uma loja de colecionáveis esportivos que ajudar a irmã (Catherine Keener de “O Projeto Adam”) a se desfazer das coisas dos pais que se mudaram para outro Estado.
É por aí que alcançamos o último terço da produção – ou terceiro ato, como queiram – e a melhor parte vem à tona. Não porque as outras histórias não foram tristes ou emocionantes o suficientes, mas porque são duas histórias em uma, por assim dizer, o que dá tempo do espectador criar afinidade com os personagens e poder sentir a perda (que não é pouca) de forma mais intensa.
O grande acerto é a trilha sonora de Laurent Eyquem (“Fúria”) que potencializa as emoções ao máximo em que a história deixa chegar e, no caso do último ato, vai com tudo para cima do espectador.
“Nostalgia” é uma espécie de tristeza sem edificação, redenção ou respostas, como um tratado sentimental sem que o ciclo se feche. E por ter muitas histórias, mostra-se irregular. Por outro lado, as interpretações são ótimas e o último ato vale por si só.
Ficha Técnica:
Elenco:
Jon Hamm
Ellen Burstyn
Catherine Keener
Bruce Dern
John Ortiz
Nick Offerman
James Le Gros
Amber Tamblyn
Annalise Basso
Mikey Madison
Jennifer Mudge
Christopher Marquette
Joanna Going
Shinelle Azoroh
Romy Rosemont
Hugo Armstrong
Beth Grant
Arye Gross
Lindsey Kraft
Direção:
Mark Pellington
História e Roteiro:
Alex Ross Perry
Mark Pellington
Produção:
Josh Braun
Tom Gorai
Mark Pellington
Fotografia:
Matt Sakatani Roe
Trilha Sonora:
Laurent Eyquem
