Ghostbusters: Apocalipse de Gelo (“Ghostbusters: Frozen Empire”)

Uma franquia é feita de um filme original ou primeiro filme, suas continuações e seus spin-offs (filmes que se passam nesse mesmo universo). Em tempo, remakes não são considerados da franquia, apesar de poderem formar outras franquias.

Voltando: as continuações são divididas em sequências (se passam no futuro) ou, como se fala em inglês, “prequels” que geralmente mostra a origem da franquia ou eventos do passado que culminam no filme original.

No filão das sequências há um tipo em particular que vem fazendo sucesso: aquela feita décadas depois do último filme da franquia. Dá até para chamar esse tipo de continuação de ressurreição.

No momento em que escrevo essas linhas, passa no cinema uma ressurreição, o bonzinho “A Primeira Profecia”, da franquia cujo último filme há nada menos que 43 anos. Esse ano ainda tivemos o fraco “Exorcista – O Devoto”; ano retrasado fomos brindados com o sensacional “Top Gun Maverick” e em 2021, o ótimo “Caça-Fantasmas – Mais Além”.

Para uma “ressurreição” ser boa de verdade, ela tem que contar com uma boa história que se liga com a do filme original, trazer muita nostalgia e easter eggs, além de pelo menos alguns personagens da franquia, mesmo que introduza novos, quase uma regra em Hollywood. “Caça-Fantasmas – Mais Além”, por sinal, teve tudo isso.

Agora chegamos num novo momento: quando se começa a fazer continuações das ressurreições. Aí a coisa fica mais delicada, e “Caça-Fantasmas – Apocalipse de Gelo” é um bom case para se analisar.

Dirigido por Gil Kenan de “A Cidade das Sombras” e com a benção do criador da franquia, Ivan Reitman, que faleceu pouco antes das filmagens começarem, a equação do sucesso aqui é bem mais complicada. É uma nova história sem nenhum vínculo com o primeiro filme – até porque o ciclo se fechou no anterior – tem os personagens antigos, os novos, os ainda mais novos que só entraram agora, subtramas, e ainda precisaram arranjar espaço para easter eggs e nostalgia.

A verdade é que não é fácil ter lugar para tudo no roteiro e por isso mesmo a produção é apenas boa, mas não decola como a anterior.

Uma esfera guarda uma entidade maligna que é despertada e pretende se libertar para dominar o mundo através do medo gélido.

Com tantos personagens e subtramas – algumas desnecessárias como a do Geléia – fica difícil desenvolver arcos de história, até porque a relevância de cada um na trama vai se diluindo quanto mais gente divide o tempo de projeção.

Mesmo a protagonista sendo Mckenna Grace (que agora também quer ser cantora), sua participação é só um pouco mais relevante que os demais, e ainda engata uma subtrama de relação com uma fantasma (sim, vocês leram direito). Inclusive nessa hora o roteiro tenta dar um drible na inteligência do espectador com uma receita, digamos, mágica para que a entidade vilã consiga o que quer e chegue no terceiro ato num clímax mais que previsível. Até mesmo o experiente em comédias Paul Rudd parece deslocado no meio de tanta coisa acontecendo junta e fica longe de seu nível de atuação normal.

Caça-Fantasmas – Apocalipse de Gelo” é a prova da complicação que é espremer uma franquia sem começar a degradá-la, tentando abraçar todos os aspectos narrativos, sem ter meios para desenvolvê-los a contento. Vale pela nostalgia e easter eggs. Ah, tem uma cena legalzinha pós créditos.

Curiosidades:

  • Na cena em que o personagem pega uma fita de VHS, o filme da fita é Cannibal Girls, o segundo filme da carreira de Ivan Reitman (criador dos “Caça-Fantasmas”) como diretor.
  • No novo laboratório de estudo paranormal, é possível ver as armas de “Caça-Fantasmas 2” (1989) sendo testadas.
  • A música do trailer “Cruel Summer” do Bananarama feita em 1983 infelizmente não aparece no filme.
  • O espírito da mulher na biblioteca é exatamente o mesmo do início do filme original de 1985.
  • Há uma cena em que o personagem de Paul Rudd fala exatamente a letra da música “Ghostbusters” de Ray Parker Jr. num diálogo com a sua esposa.

Ficha Técnica:

Elenco:
Paul Rudd
Carrie Coon
Finn Wolfhard
Mckenna Grace
Kumail Nanjiani
Patton Oswalt
Celeste O’Connor
Logan Kim
Emily Alyn Lind
James Acaster
Bill Murray
Dan Aykroyd
Ernie Hudson
Annie Potts
William Atherton
Shelley Williams
Chris Tummings
John Rothman

Direção:
Gil Kenan

História e Roteiro:
Gil Kenan
Jason Reitman

Produção:
Jason Blumenfeld
Ivan Reitman
Jason Reitman

Fotografia:
Eric Steelberg

Trilha Sonora:
Dario Marianelli

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