Extintion (“Extinção”)

Uma ótima reviravolta envolvida num filme de ficção B, embalado como atração da Netflix para inflacionar seu potencial.

Michael Peña de “Moonfall” e Lizzy Caplan de “Sexo, Drogas e Jingle Bells” são um casal com 2 filhas, onde ele, Peter, começa a ter pesadelos com uma espécie de invasão alienígena. Até que ela acontece de verdade e eles precisam sobreviver.

A grande incógnita do roteiro até o início do último ato – quando se revela o polt twist – é porque Peter já estava sonhando com isso. Não deixa de ser uma grande sacada.

Só que o filme tem um problema estrutural grave que afeta a maneira como o espectador enxerga todo o seu desenvolvimento: talvez devido ao baixo orçamento, todos os eventos acontecem como se o planeta Terra inteiro fosse apenas uma cidade, ou melhor, apenas um bairro. Até filmes bem piores sobre invasões alienígenas conseguem dar uma visão mais global do que acontece. Este, entretanto, não o faz e prejudica totalmente a compreensão de como essa invasão poderia se dar e mais ainda, atesta até a impossibilidade dos eventos do passado que culminaram nessa trama acontecerem (na parte de curiosidades spoilers, explico melhor).

Não ajuda também o fato de os efeitos especiais serem bastante irregulares, com alguns momentos muito bons, mas com a maioria facilmente identificáveis como digitais e muitas vezes feitos nas coxas.

Extinção” tem todos os elementos de uma boa ficção, porém de uma forma desequilibrada: uma história inconsistente com excelente plot twist, boas atuações, produção e efeitos especiais de terceira categoria, enfim, tudo que se coloca na balança e o torna uma diversão mediada, mas assistível.

Curiosidades:

  • O marido de Lizzy Caplan, Tom Riley, faz uma participação no filme como o cara que avisa Peter que ele está certo na clínica.
  • O trem do final é de verdade e foi filmado numa estação abandonada de Belgrado, na Sérvia.

***SPOILERS – SÓ LEIA DEPOIS DE TER VISTO O FILME***

  • Na festa na casa dos protagonistas, reparem que não há nenhuma bebida ou comida e ninguém está bebendo ou comendo, o que já é um indicativo de que todos são androides.
  • Há 2 enormes problemas estruturais no roteiro do filme:
    • Na cena em que se revela que Peter, sua esposa e os demais são androides, claramente ele não sabe disso (o soldado humano pergunta “Você não sabe o que você é?”). Não seria possível deles não saberem o que são já que não fazem o básico como comer, beber, suas necessidades, entre outras. Eles foram programados para esquecerem do passado, esquecerem o que são, mas não agem como humanos. Incoerente.
    • O outro problema – ainda pior – está na essência da história: todo o ataque parece que se concentra numa única cidade. A história diz que após a primeira luta com os androides, os seres humanos fugiram para Marte. Mas como pode num planeta imenso como a Terra, terem se construído mais androides do que humanos? Só com isso, não daria para se ter a premissa do filme. Reparem que os humanos não usam nenhum tanque ou arma nuclear e simplesmente fogem. Seria impossível, visto que somos 7.75 bilhões no planeta atualmente e jamais haveria uma quantidade de androides que se aproximassem disso. E se resolvessem essa questão no roteiro, porque os humanos não fugiram para outra parte do planeta, já que a Terra é imensa. Fica difícil engolir a trama como um todo assim.

Ficha Técnica:

Elenco:
Michael Peña
Lizzy Caplan
Amelia Crouch
Erica Tremblay
Lex Shrapnel
Emma Booth
Lilly Aspell
Mike Colter
Israel Broussard
Sandra Teles
Tom Riley
Michael Absalom

Direção:
Ben Young

Roteiro:
Brad Kane
Spenser Cohen
Eric Heisserer

Produção:
David Hoberman
Todd Lieberman

Fotografia:
Pedro Luque

Trilha Sonora:
The Newton Brothers

Avaliações dos usuários

Não há avaliações ainda. Seja o primeiro a escrever uma.

Avalie o filme

Share on whatsapp
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on email
Share on telegram