Nunca vi um cara tão determinado a destruir a Terra como o cineasta Roland Emmerich. Em 1996, foram os aliens de “Independence Day”. Dois anos depois ele chama o “Godzilla” para acabar com tudo. Em 2004 ele manda o evento climático de “O Dia Depois de Amanhã”. Em 2009, vem “2012” com aquelas profecias malucas e um dos filmes mais risíveis de fim de mundo. Não satisfeito, em 2016 ele ainda manda a continuação de “Independence Day”. Agora o problema é a lua. Sim, a lua vai destruir o mundo, com a ajuda de alguma coisa que pode ir de alienígenas a inteligência artificial e que o espectador vai descobrir lá pela metade do filme.
A abordagem é exatamente a mesma dos outros filmes. Passo a passo:
1. Cientista descobre que algo está errado e a Terra corre perigo (no caso é o alívio cômico do filme, o comediante John Bradley);
2. Heróis partem para o olho do furacão – que aqui é a lua – para uma manobra arriscadíssima (e absurda) que pode salvar a todos (a dupla Halle Berry de “John Wick 3” e Patrick Wilson de “Rastro da Maldade”);
3. Enquanto isso na Terra, o “núcleo pobre da Rede Globo” se vê vítima de todos os efeitos causados pelo desastre e ainda tem tempo para enfrentar dramas emocionais familiares. Lógico que vai morrer alguém querido que em menos de 30 segundos será sumariamente esquecido.
O que o espectador pode se deliciar mesmo em produções como essa são os efeitos especiais de destruição, espaciais, e ainda no último ato quando inventam uma história muito doida sobre a origem disso tudo, mas que visualmente é impecável.
Lógico que os fenômenos só acontecem e são convenientes quando o roteiro quer. Por exemplo, quando acaba a gravidade e a gente vê um caminhão flutuando, mas os heróis permanecem correndo (nem Einstein explica).
Mas o que nem Freud explica é a platéia ser exposta a diálogos constrangedores como na cena em que a dupla de personagens interpretada por Berry e Wilson estão discutindo e ele solta um “…Não sei se quero ajudar a salvar a Terra, pois já tenho problemas demais para resolver”, como se ele fosse viver para resolvê-los se a Terra não for salva; ou o irritante bordão cômico perto da morte de um personagem para tentar aliviar o momento e apenas o torna embaraçoso.
“Moonfall” é exatamente aquilo que se espera de um filme catástrofe descerebrado, coisa que o diretor Roland Emmerich deve ter um prazer culpado de levar para as telas.
Ficha Técnica
Elenco:
Halle Berry
Patrick Wilson
John Bradley
Charlie Plummer
Kelly Reilly
Michael Peña
Carolina Bartczak
Zayn Maloney
Ava Weiss
Hazel Nugent
Chris Sandiford
Jonathan Maxwell Silver
Eme Ikwuakor
Stephen Bogaert
Maxim Roy
Ryan Bommarito
Kathleen Fee
Donald Sutherland
Frank Schorpion
Sebastian Pigott
Jaa Smith-Johnson
Adam LeBlanc
Frank Fiola
Katy Breier
Josh Cruddas
Kyle Gatehouse
Tyrone Benskin
Direção:
Roland Emmerich
Produção:
Roland Emmerich
Harald Kloser
Fotografia:
Robby Baumgartner
Trilha Sonora:
Harald Kloser
Thomas Wanker