Argylle – O Superespião (“Argylle”)

Argylle” é um filme de excessos. Tem sim excesso de diversão. Mas também tem excessos para esconder a bagunça do roteiro e ainda excessos que são apenas ruins mesmo.

A trama parece boa: Bryce Dallas Howard de “Jurassic World” é Elly, uma tímida escritora de livros de espionagem que de repente passa a ser perseguida por espiões porque inexplicavelmente o que ela escreve em seus livros se torna realidade e então, com um novo capítulo para escrever, as agências de espionagem acham que ela pode revelar um segredo muito importante.

É como se o diretor Matthew Vaughn tivesse pegado a franquia “Kingsman” que é ação com humor e transformasse em algo que é humor com ação, só que tudo extremamente exagerado.

O primeiro aspecto que podemos analisar é o roteiro: a premissa é boa, mas seus desdobramentos se revelam numa montanha russa de reviravoltas e que são tantas que chega uma hora que nem importa mais o que aconteceu no início, pois tudo já se transformou lá pela metade do filme.

Os diversos plot twists são interessantes se focarmos de forma míope neles, mas ao abrir num cenário mais amplo, fica difícil engolir e ainda sobram pontas soltas por todos os lados (aparentemente os personagens tem uma máquina de deslocamento supersônico para estarem em tantos lugares ao mesmo tempo).

Outro ponto é a própria ação: ela é eletrizante, mas ligada no 880V onde mais uma vez o exagero causa uma poluição visual que também joga contra a própria narrativa, como todas as sequências em que Elliy contracena Aidam (Sam Rockwell de “Veja Como Ele Correm”) que interpreta o espião aparentemente bonzinho que a salva.

Algumas cenas como a da patinação chegam a ser surreais (no mal sentido), tal qual a cena de perseguição de abertura que, apesar de ser a narrativa de um livro, força bastante a barra, até porque quando se passa para a realidade, a dinâmica não muda tanto assim.

O diretor pesou a mão em maneirismos, inclusive esgotou o tipo de filmagem em primeira pessoa onde a personagem vai piscando e vai mudando de visão, coisa que foi bem usada no também mediano “Encontro Explosivo” com Tom Cruise em 2010, e aqui é batido até a exaustão.

O ótimo elenco ou tem pouco a fazer ou apela para a caricatura: Bryce Dallas Howard não se decide em sua personagem; O Superman Henry Cavill tenta ser esquisito e passa do ponto, tal qual o vilão de Bryan Cranston (“Asteroid City”); enquanto John Cena (“Amizade de Férias”) e Samuel L. Jackson (“As Marvels”) simplesmente não fazem nada. Ah, Dua Lipa também não faz nada, mas está linda.

Argylle” é aquela diversão descerebrada que celebra um caos que nada combina com uma história bem contada por mais piadas que tenham no meio do caminho. Fiquem para a cena pós crédito.

Curiosidades:

  • A cena da fumaça colorida é uma homenagem às aberturas dos filmes de James Bond.
  • Henry Cavill foi escalado porque o diretor achava que ele podia ser o próximo James Bond e queria que ele fosse primeiro um espião em seu filme.
  • O filme se passa no mesmo universo de “Kingsman”. No final vocês vão entender.
  • O gato Alfie é da esposa do diretor.
  • Henry Cavill é alérgico a gatos.
  • A fonte do título “Argylle” foi criada especificamente para o filme.
  • O roteirista Jason Fuchs faz uma participação como o mediador da sessão de leitura de Elly.

Ficha Técnica:

Elenco:
Bryce Dallas Howard
Sam Rockwell
Henry Cavill
Catherine O’Hara
Samuel L. Jackson
Bryan Cranston
John Cena
Dua Lipa
Sofia Boutella
Ariana DeBose
Richard E. Grant
Jason Fuchs
Tomás Paredes
Jing Lusi
Tomiwa Edun
Rob Delaney
Stanley Morgan
David Bedella

Direção:
Matthew Vaughn

História e Roteiro:
Jason Fuchs

Produção:
Adam Bohling
Jason Fuchs
David Reid
Matthew Vaughn

Fotografia:
George Richmond

Trilha Sonora:
Lorne Balfe

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