Viver (“Living”)

O sonho do cineasta sul africano Oliver Hermanus era fazer uma adaptação do clássico “Viver” (Ikiru) feito em 1952 por Akira Kurosawa, e depois de quase 7 anos, ele conseguiu.

Essa releitura se passa na década de 50 onde um burocrata, após um fulminante diagnóstico de câncer, passa a ver a vida com outros olhos.

A obra já foge daquele clichê do ranzinza que vira bonzinho: o Sr. Williams é um senhor educado, introspectivo, austero, mas sem afetações, que trabalha no departamento de obras da prefeitura e faz o estereótipo de um servidor público, deixando as coisas se amontoarem para ter um “trabalho” que não acaba nunca, sem efetivamente gerar resultados. O resultado do exame o deixa primeiramente desnorteado. Ou seja, não é uma história de redenção, mas sim de redescoberta.

Eis que temos o glorioso Bill Nighy (“Os Crimes de Limehouse”) que decifrou o personagem com uma complexidade ímpar, encarando todas as suas sutilezas, fragilidades e fortalezas. Mereceu a indicação ao Oscar.

O desenvolvimento da trama ainda reserva algumas ótimas surpresas, pois o filme se divide em duas abordagens em momentos diferentes e é no último terço da história é que vemos talvez a grande guinada do personagem.

O diretor também tomou a ótima decisão narrativa de dar ao espectador diferentes visões do protagonista: a dele próprio e, posteriormente, como os demais coadjuvantes o viam.

A performance de Nighy é tão carismática e a sequência de eventos, até mesmo de flashbacks são tão relevantes e em algum ponto emocionantes, que detalhes importantes e muito bem feitos como o design de produção de época, incluindo os créditos que simulam filmes da década de 50, e a belíssima trilha sonora da desconhecida Emilie Levienaise-Farrouch podem passar batidos, mas devem ser devidamente apreciados.

Viver” é uma história de reencontros, com a vida e com as pessoas nela e de verificar o que importa, além de ser uma história singela que nunca puxa o espectador para baixo. Recomendadíssimo.

Curiosidades:

  • A casa de chá que aparece no filme Lyon Corner House teve seu ápice na década de 40 em Londres chegando a 250 unidades, mas depois da 2ª Guerra Mundial, declinou sendo que a última unidade fechou em 1977.
  • O Sr. Williams descobre que seu apelido é Sr. Zumbi. Bill Nighy já foi um zumbi na ótima comédia “Todo Mundo Quase Morto”.

Ficha Técnica:

Elenco:
Bill Nighy
Alex Sharp
Tom Burke
Adrian Rawlins
Hubert Burton
Oliver Chris
Michael Cochrane
Anant Varman
Aimee Lou Wood
Zoe Boyle
Lia Williams
Jessica Flood
Jamie Wilkes
Richard Cunningham
John Mackay
Patsy Ferran
Barney Fishwick
Eunice Roberts

Direção:
Oliver Hermanus

História e Roteiro:
Kazuo Ishiguro
Akira Kurosawa
Shinobu Hashimoto
Hideo Oguni

Produção:
Elizabeth Karlsen
Stephen Woolley

Fotografia:
Jamie Ramsay

Trilha Sonora:
Emilie Levienaise-Farrouch

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