Nicholas Wilton foi apelidado como o Schindler britânico, pois salvou 669 crianças e as alocou com famílias inglesas antes que estourasse a 2ª Guerra Mundial.
A produção faz aquele bate e volta dramático entre a vida de Wilton no fim da década de 80, já bem velhinho e interpretado por Sir Anthony Hopkins (“Meu Pai”) e sua contraparte jovem em 1938 que vai se mobilizar junto a um grupo de colegas para deslocar centenas de crianças, interpretado pelo honesto Johnny Flynn (“Fera”).
O filme vai na contramão de outros do gênero como “Zona de Interesse” e, ao invés de mostrar ou sugerir os horrores da guerra, foca mais nos esforços do grupo e do protagonista, passando pela burocracia e arrecadação de dinheiro, ao passo que no “presente” da história vemos Nicholas numa busca de tentar deixar as lembranças para trás, mas ao mesmo tempo ter algum reconhecimento por conta de seus valiosos arquivos.
No segundo ato o espectador já entende que a história assume outro tom, o que não deixa de ser interessante poder enxergar os eventos por outros prismas, inclusive por quem viveu e agora se encontra décadas depois. O diretor não se preocupa muito em explicar o como as coisas acontece, tipo o deslocamento, mas coloca em tela o suficiente para o público não se perder.
Eis que chegamos no terceiro ato e é impossível não se emocionar. Por mais que o trailer mostre um pedacinho do clímax, a sua construção até o desfecho vai apertando o coração do público com Hopkins fazendo o básico e já dando um show, mas com todo o elenco coadjuvante e até os figurantes ajudando.
Baseado no livro de Barbara Wilton, filha de Nicholas, “Uma Vida” tem uma história tão forte que bastou ser o mínimo competente na direção e atuação para se ter um filme acima da média. E com Anthony Hopkins encabeçando não é difícil.
Curiosidades:
- Algumas das pessoas da platéia são REALMENTE sobreviventes da guerra por conta de Nicholas Wilton (por isso tinha alguns quase tão idosos quando Hopkins).
- A conversa entre Nicholas (Hopkins) e seu amigo Martin (Jonathan Pryce) no restaurante foi uma homenagem de quando eles foram parceiros e tiveram conversas semelhantes no filme “Dois Papas”.
- O avô materno de Helena Bonham Carter que interpreta a mãe de Nicholas na guerra também salvou muitas crianças na 2ª Guerra Mundial provendo vistos espanhóis, tal qual Wilton fez na Inglaterra.
- Há uma frase dita no filme – Quem salva uma vida, salva o mundo – que também foi dita em “A Lista de Schindler”. É uma frase que aparece no Talmude (coletânea de livros sagrados judeus) e no Alcorão (livro sagrado do Islã).
Ficha Técnica:
Elenco:
Anthony Hopkins
Lena Olin
Johnny Flynn
Helena Bonham Carter
Tim Steed
Matilda Thorpe
Daniel Brown
Alex Sharp
Jirí Simek
Romola Garai
Michael Gould
Jonathan Pryce
Direção:
James Hawes
História e Roteiro:
Lucinda Coxon
Nick Drake
Produção:
Iain Canning
Guy Heeley
Joanna Laurie
Emile Sherman
Fotografia:
Zac Nicholson
Trilha Sonora:
Volker Bertelmann