Não sei se “The Flash” é o melhor filme de super-herói do ano. Acho que “Homem-Aranha Através do Aranhaverso” ainda leva a taça, mas definitivamente é o melhor filme da DCU que conhecemos desde o lançamento de “Homem de Aço”, universo este que também ficou conhecido como Snyderverso em homenagem a Zack Snyder que dirigiu a maior parte dos filmes dos heróis da Liga da Justiça. E é melhor a anos luz dos demais.
Primeiro que tem a melhor história, que não tem nada de original, mas muito bem construída: Barry volta no tempo e tenta salvar sua mãe. Ao fazer isso muda toda a linha temporal e á aquilo o que você vê no trailer, com Michael Keaton voltando a ser o Batman no cinema e uma misteriosa Supergirl, interpretada pela novata Sasha Calle.
O conceito de multiverso (palavra que é dita com todas as letras no filme) é diferente daquele estabelecido na Marvel: ao invés de serem diferentes dimensões, são diferentes linhas do tempo em que passado e futuro mudam, o que é mais próximo, por exemplo, de “Efeito Borboleta” que também é citado nominalmente no filme.
A essência da direção também é surpreendente: é ação, é comédia e tem uma pegada dramática excepcional que não raro deve levar o fã às lágrimas em determinados momentos. Inclusive a trajetória dos dois Barry’s onde Ezra Miller consegue ser perfeito na interpretação de dois sujeitos que acabam tomando rumos diferentes, vale como se fosse uma emoção dupla.
O diretor Andy Muschietti que elevou o patamar de filmes de terror como “Mama” e “It – A Coisa” também conseguiu subverter o gênero dos super-heróis, desde a abertura com uma cena engraçadíssima na hora de aparecer o título, até uma sucessão de clímaces que bombardeiam uma emoção e uma surpresa atrás da outra no último ato. E sim, todos os burburinhos são verdadeiros.
Mais que isso, a participação de praticamente toda a Liga da Justiça em momentos diferentes da trama (inclusive na cena pós créditos) é a prova da crença de todos que “The Flash” seria diferenciado. As referências da cultura pop são incríveis, principalmente na cena da discussão sobre “De Volta Para o Futuro”.
Finalmente o compositor Benjamin Wallfisch (“Mortal Kombat“) nos brinda com uma trilha sonora original eletrizante e ainda pôde pegar as trilhas dos demais filmes da DC para enriquecer o enredo, como na cena da apresentação da Batcaverna.
O único ponto fraco é o inexplicável CGI, isto é, os efeitos especiais que em vários momentos gritam que tudo ali é falso: apesar da dinâmica excelente da sequencia onde o Flash salva alguns bebês, tá na cara que eles são gerados por computador, da mesma forma na cena em que ele viaja no tempo e cenas do passado aparecem, e até mesmo no clímax mais épico efeitos especiais fantásticos contrastam com alguns que parecem amadores.
Abstraindo desse problema (e sim, é um problema), “The Flash” supera seus pares da DC em todos os aspectos, tem uma ótima história com direito à emoção e ainda consegue uma proeza involuntária: seu desfecho casa muito bem com o desfecho do próprio Snyderverso (por motivos que vocês só vão entender no final) e abre as portas para os novos filmes da era James Gunn, mesmo que ainda haja duas produções ainda do DCU a caminho: “Besouro Azul” e “Aquaman 2”. Mas fiquem com “The Flash” que é imperdível.
Curiosidades:
- Há uma cena em que aparece um veículo com a marca “Tannen”. É uma referência a Biff Tannen, antagonista de Marty McFly em “De Volta Para o Futuro”.
- Michael Shannon só voltou a interpretar o General Zod com a benção do próprio Zach Snyder em conversa por telefone.
- O diretor Andy Muschietti faz uma participação como um cara comendo um cachorro quente.
***SPOILERS – SÓ LEIA APÓS ASSISTIR O FILME***
- Caso não tenham entendido o diálogo sobre “De Volta Para o Futuro” Eric Stoltz foi o primeiro ator contratado para viver Marty McFly, porém após algumas cenas terem sido filmadas (estão no YouTube), o diretor Robert Zemeckis não gostou do resultado e daí contratou Michael J. Fox que acabou imortalizando o papel. Nessa realidade alternativo para qual Barry vai, é como se Eric Stoltz tivesse sido o único escolhido para fazer o filme.
A dupla Edina e Patsy está de volta para aprontar mil confusões no mundo das celebridades.
Ficha Técnica:
Elenco:
Ezra Miller
Sasha Calle
Ben Affleck
Michael Keaton
Michael Shannon
Ron Livingston
Antje Traue
Jeremy Irons
Temuera Morrison
Kiersey Clemons
Saoirse-Monica Jackson
Maribel Verdú
Rudy Mancuso
Isabelle Bernardo
Nicolas Cage
George Clooney
Gal Gadot
Jason Momoa
Direção:
Andy Muschietti
História e Roteiro:
Christina Hodson
Joby Harold
Produção:
Michael Disco
Barbara Muschietti
Fotografia:
Henry Braham
Trilha Sonora:
Benjamin Wallfisch