O Homem de Aço (“Man of Steel”)

Se existe uma certeza quando a essa nova encarnação do Super-Homem é que ela vai dividir opiniões ferozmente. Nada do que for dito será considerado como verdade absoluta ou um ponto final. Isso porque a dupla por trás desse novo começo, o diretor Zack Snyder que deu vida à uma das HQs de super-heróis mais importantes do século “Watchmen” e o produtor e roteirista Christopher Nolan que reinventou “Batman – O Cavaleiro das Trevas” transformando-o numa das franquias mais ricas em conteúdo da década, fizeram uma reviravolta no filme do nosso herói vindo de Krypton.

Em alguns aspectos eles homenageiam tudo o que consta nos quadrinhos (inclusive com diálogos tirados de algumas histórias palavra por palavra) e que também fora imortalizado pela persona do saudoso Christopher Reeve com seu “Superman” lá pelos idos de 1978. Em outros ainda complementa a história de sua origem com uma longa e ótima introdução sobre Krypton e não só, o que a levou a destruição, porém sua cultura, seus costumes e o motivo de termos um tão cruel General Zod, interpretado aqui pelo fabuloso Michael Shannon (“Redenção”), mas que aqui se limita a fazer cara de mau. Também deu mais espaço para Jor-El (Russell Crowe de “Linha de Ação”) e sua história e até certa ambiguidade com o destino que ele deseja para Kal-El.

Por outro lado, seus realizadores subvertem diversos elementos da trama e ainda nega completamente outros como a origem da Fortaleza da Solidão, o encontro de Louis Lane (Amy Adams de “Os Muppets”), o desfecho dos antagonistas e até mesmo a ausência da imortal trilha de John Williams.

Apesar de não se ter um destaque entre um elenco, todos interpretam no mínimo de forma bastante correta seus papéis, especialmente Henry Cavill (“Imortais”), bastante autêntico e e anos luz à frente do canastrão Brandon Routh que fez a encarnação anterior de Super-Homem dirigida por Brian Singer em 2006.

Sendo esta produção como o primeiro contato do Super-Homem com a Terra, mostra-se o crescimento de Clark até se tornar o herói que todos conhecemos e seu grande inimigo, General Zod que escapa da prisão no buraco negro e vai atrás de Kal-El, pois este esconde a chave para uma nova Krypton (trama aliás que homenageia “Super-Homem II” de 1980).

O diretor Zack Snyder se complica um pouco no primeiro ato na narrativa não linear, pois não dá fluidez suficiente na transição e acaba passando a impressão de que os eventos acontecem apressados demais e quase atabalhoados (o destino do pai de Clark é uam das cenas mais desnecessárias e sem criatividade do longa), o que melhora um pouco a partir do segundo ato.

Por outro lado, quando ele pega cenas mais lineares e, principalmente as de ação, Snyder dá um show. As diversas lutas entre o Homem de Aço e seus algozes são tudo aquilo o que poderíamos esperar de pessoas com tamanhos super poderes. Os efeitos especiais são sensacionais e impecáveis. Os únicos pontos negativos são um 3D que só serve pra deixa o ingresso mais caro e a insistência do diretor em usar closes rápidos nas perseguições para ressalta um suposto realismo ainda maior, mas que ao fim e ao cabo, acaba cansando o espectador. Lembrando que em “300” ele usou o recurso de câmera lenta exaustivamente também para ressaltar o estilo do filme, portanto já sabemos que esse parece ser um maneirismos de estilo dele.

O roteiro apesar de subversivo positivamente, não deixa de inserir batidos clichês de super heróis como o salvamento da mocinha em eterno perigo. Entretanto tem um senso de humor aguçado com leves toques que jamais tira a seriedade do cenário e nunca expõe a trama ao ridículo como feito em “Superman – O Retorno” em 2006 ou em “Superman III” em 1983. E para os fãs do herói e da DC Comics, eles devem reparar na logomarca “LexCorp” em caminhões e prédios, empresa de um conhecido vilão careca. E principalmente num satélite cuja marca vem da Wayne Enterprise, cujo proprietário de um famoso cidadão de Gothan City.

Outra analogia que fazem é com Jesus Cristo que aos 33 anos se sacrificou para salvar a raça humana. Não deixa de ser uma premissa interessante, mas também pretensiosa.

Dentre tantas diferenças e novas roupagens que desafiam muito do que se constatava nos quadrinhos, “O Homem de Aço” merece ser visto definitivamente por apresentar um novo universo e um protagonista com uma personalidade muito mais humana do que idealizada. Os fãs dos quadrinhos mais xiitas vão reclamar, mas até eles devem ir de coração aberto. É um ótimo começo que nem precisou de um roteiro tão complexo assim para se firmar.

Ficha Técnica

Elenco:
Henry Cavill
Amy Adams
Michael Shannon
Diane Lane
Russell Crowe
Antje Traue
Harry Lennix
Richard Schiff
Christopher Meloni
Kevin Costner
Ayelet Zurer
Laurence Fishburne
Dylan Sprayberry
Cooper Timberline

Direção:
Zack Snyder

Produção:
Christopher Nolan
Charles Roven
Deborah Snyder
Emma Thomas

Fotografia:
Amir Mokri

Trilha Sonora:
Hans Zimmer

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