Sol da Meia Noite (“Midnight Sun”)

Bella Thorne da franquia “A Babá” é uma daquelas atrizes novinhas e “porralokas”, mas com um rosto perfeito para um filme de romance.

Aqui ela é Katie, que nasceu com uma condição em que não pode pegar sol, senão pode morrer. Desde criança ela morre de amores por um menino e já jovem, um dia ela sai de casa a noite e dá de cara com ele, e daí começa um romance que pode ir além de sua doença.

O diretor Scott Speer que já trabalhou com Bella Thorne no ótimo “Rastros do Além” quis botar todo mundo para chorar nesse filme e tentar ser uma espécie de novo “Uma Amor Para Recordar” ou um “A Culpa é das Estrelas”. E muita gente deve cair nessa. Tudo bem.

Ele só esqueceu de amarrar a sua premissa que comete um terrível erro estrutural: Katie sempre pôde sair de noite, mas no filme as coisas acontecem como se fossem a primeira vez (e fica claro que não é). Ela poderia ter encontrado com seu crush Charlie há muito tempo, mas o roteiro simplesmente faz vista grossa e espera que todo o público faça o mesmo. E não colou dizer sua condição fez com que ela não saísse de casa com medo de interagir com os outros. Esse tipo de desprezo pela coerência acompanha toda a construção do filme, até mesmo no absurdo final que, sem dar spoilers, é feito para se chorar copiosamente, mas esquecem de mostrar o que realmente aconteceu e editam somente as partes, digamos, fofas e emocionantes. E pensar na prática dos acontecimentos, seria impossível conceber esse tipo de desfecho. Talvez pudesse haver o mesmo resultado sem a manipulação quase canalha que foi feita.

Se alguém achou o mocinho sem carisma nenhum, não vai ser grande surpresa saber que ele é filho do Exterminador do Futuro. Apesar de ser bem mais bonito que o pai na sua idade, Patrick Schwarzenegger, que já teve uma participação em “Como Sobreviver a um Ataque Zumbi”, herdou todo o carisma do pai, ou seja, nenhum.

O romance é tão insosso que o filme vira mais uma história de um amor paterno do que um romance entre dois jovens. Isso porque Rob Riggle, um tarimbado ator de comédia como em “Absolutamente Impossível” rouba todas as cenas, fazendo talvez o único personagem são e carismático, mesmo que lá pelo desfecho ele tome uma decisão que só um roteiro preguiçoso poderia escrever. Ainda assim, de longe ele é a melhor coisa do filme e potencializa a relação pai e filha a um patamar que, aí sim, emociona.

O Sol da Meia Noite” talvez possa embaçar os olhos de muita gente e impedir que analisem a história, mas com um pouquinho mais de atenção e menos de coração fica impossível engolir a cara de pau com que a produção tenta engatar esse romance sem graça e sem noção.

Curiosidades:

  • Um dos poucos romances que saíram como filme e depois viraram livro, e não vice-versa.
  • Bella Thorne também não ia à escola quando era criança porque era disléxica e seu pai morreu num acidente de carro, tal qual a mãe da personagem que ela interpreta no filme.
  • É baseado num filme japonês com o mesmo nome de 2006.

Ficha Técnica:

Elenco:
Bella Thorne
Patrick Schwarzenegger
Rob Riggle
Quinn Shephard
Ken Tremblett
Suleka Mathew
Jenn Griffin
Nicholas Coombe
Tiera Skovbye

Direção:
Scott Speer

História e Roteiro:
Kenji Bando
Eric Kirsten

Produção:
Jen Gatien
John Rickard
Zack Schiller

Fotografia:
Karsten Gopinath

Trilha Sonora:
Nate Walcott

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