O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio (“Terminator: Dark Fate”)

Em 1991 James Cameron fez um dos filmes de ação mais perfeitos de todos os tempos: “Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final”. Além de ser revolucionários em termos tecnológicos, seu roteiro foi tão bem amarrado que nenhuma das continuações que surgiram a partir destes, por mais bem trabalhadas que fossem, fizeram algum sentido em termos de continuidade, o que, só daí, já se denota a inferioridade de cada um deles.

Só que nenhum deles tinha James Cameron participando de sua concepção, ao contrário deste. Aqui, ele foi um dos roteiristas e produtor, passando a batuta da direção para Tim Miller do excelente “Deadpool”. E mudou alguma coisa? Infelizmente a resposta é não. O clássico de 1991 continua imbatível.

Destino Sombrio” despreza todas as continuações depois do segundo filme (de Cameron) e mostra a volta de Sarah Connor (Linda Hamilton) ajudando uma menina Dani (a estreante Natalia Reyes) a fugir de um exterminador implacável aos moldes do T-1000, só que aqui chamado de Rev-9 (Gabriel Luna de “Amor por Direito”). Nossas heroínas também são ajudadas por uma metade humana e metade androide que também veio do futuro chamada Grace (Mackenzie Davis de “Tully”).

O maior problema do filme é a história para que o espectador acredite que todos os eventos a partir de então são possíveis. Tentando não dar spoilers relevantes, o roteiro diz, em resumo, que Sarah conseguiu realmente acabar com a Skynet, mas depois disso houve uma outra Inteligência Artificial chamada Legião que acabou fazendo exatamente a mesma coisa no futuro. Mais difícil de engolir é que a mesmíssima tecnologia que a Skynet usou para androides e viagens no tempo, também é usada por essa nova entidade que tentam explicar, mas sem muito sucesso.

Pra piorar, a justificativa para que Arnold Schwarzenegger esteja no filme novamente como T-800 é tão mal trabalhado que quase machuca. O acontecimento para que isso ocorra e que o espectador vê logo no início do filme (não dá pra contar) é estarrecedor e não tem sentido algum, muito menos uma explicação válida em qualquer teoria de espaço-tempo que fosse. A cena onde a própria Sarah fala sobre “exterminadores vindo de um futuro que nunca aconteceu” já diz o quão maluca seria essa explicação.

Passando essa imensa barreira narrativa, a produção, direção e efeitos especiais fazem um filmaço de ação. Muitas sequencias são de tirar o fôlego, além da química entre Hamilton e Schwarzenegger ser excelente. Inclusiove algumas cenas onde eles subvertem diálogos icônicos dos filmes anteriores também são impagáveis. Apesar de Rev-9 ser uma cópia um pouquinho mais avançada que o T-1000, a criatividade sobre o que ele pode fazer foi muito bem explorada e a neutralidade do ator Gabriel Luna caracterizou bem o vilão. Ainda assim, num olhar frio, toda essa ação não deixa de ser um repeteco de “O Julgamento Final”.

O novo exemplar de “O Exterminador do Futuro” traz a aura dos clássicos originais de volta com upgrade para o empowerment feminino cada vez mais em voga, mas infelizmente não consegue quebrar a história tão bem amarrada do segundo para fazer sentido o suficiente.

Curiosidades:

– O diretor Tim Miller por várias vezes teve que pedir a Linda Hamilton para parar de sorrir enquanto disparava as armas.
– Nos dois primeiros filmes (de 1985 e 1991), foi sinalizado que o apocalipse das máquinas aconteceria em 2029, ou seja, daqui a 10 anos.
– O dublê de corpo de Arnold Schwarzenegger é o mesmo de “Exterminador do Futuro: Genesis”, o filme cronologicamente anterior da franquia.
– Apesar de fazer o papel de uma adolescente, Natalia Reyes tem 31 anos!
– A música que toca no churrasco onde Rev-9 cai é a mesma tocada em “Exterminador do Futuro 2” quando T-800 entra no bar: “Guitars, Cadillacs” por Dwight Yoakam.
– O telefone no caminhão dirigido pelo T-800 no filme é 888-512-1984, sendo 1984 a referência do ano do primeiro filme da série.
– Apesar de “Exterminador do Futuro: Genesis” não fazer mais parte desse universo, “destino Sombrio” confirma a teoria de que o tecido orgânico do T-800 com o passar dos anos também envelhece.
– Foi estabelecido nos filmes anteriores que os cachorros sempre latem para exterminadores, porém neste o novo T-800 fica tem um cachorro que faz carinho nele, o que significa que ele se tornou mais humano.

Ficha Técnica

Elenco:
Linda Hamilton
Arnold Schwarzenegger
Mackenzie Davis
Natalia Reyes
Gabriel Luna
Diego Boneta
Ferran Fernández
Tristán Ulloa
Tomy Alvarez
Tom Hopper
Enrique Arce
Manuel Pacific
Fraser James
Pedro Rudolphi

Direção:
Tim Miller

Produção:
James Cameron
David Ellison

Fotografia:
Ken Seng

Trilha Sonora:
Junkie XL

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