Wish: O Poder dos Desejos (“Wish”)

Com a pressão comercial de se fazer uma animação por ano – ou até mais – os estúdios Disney de Animação, que competem com eles mesmos da divisão Pixar, começaram a derrapar no roteiro (aliás em várias de suas frentes, como na Marvel também) e lançam filmes cada vez menos relevantes, como “Mundo Estranho” que tentou emplacar uma agenda política e foi um fracasso retumbante.

Nesse cenário “Wish” parece ser um filme menos frente aos grandes clássicos, mas é inteligente em sua premissa, e foi escolhido para ser o filme celebração de 100 anos do estúdio.

Asha é uma camponesa que vive no reino de Rosas, construído há décadas pelo Rei Magnífico (olha o ego já no nome). Com poderes mágicos, esse rei implantou uma lei para quem quer morar na ilha: o cidadão ao completar 18 anos entrega seu maior desejo a ele e, em retorno, 1 vez por mês, o rei concede um dos desejos para alguém. Mas tem uma pegadinha: ao entregar o seu desejo, a pessoa esquece completamente qual é, o que logicamente, afeta o seu psicológico.

Ao tentar ser aprendiz de Magnífico, Ashe descobre essa lógica injusta e, desesperada, acaba sem querer chamando para si uma estrela do céu que também tem poderes mágicos. Ao saber disso, Magnífico inicia uma caçada para capturar Asha e a estrela mágica.

A produção tem alguns aspectos diferenciados que a fazem subir de nível, apesar de não ser épica como se esperava: primeiro que a animação é feita com uma técnica de computação gráfica, mas que tem a plasticidade de um desenho animado, ao invés de tentar emular a realidade em computador, dando um efeito visual quase que inédito; segundo, as dezenas de referências aos clássicos desenhos da Disney e diversos easter eggs espalhados por toda a trama são sensacionais de se acompanhar, principalmente para quem cresceu dentro desse universo. Inclusive, já adiantando, os créditos finais são recheados de desenhos desses personagens antigos e é importantíssimo ficar até o final, pois o desenho conta com uma das mais bonitas cenas pós-créditos da história.

A agenda política se faz presente, mas com menos intensidade – mesmo desnecessário – com números musicais até que ousados, com batidas e ritmos mais enérgicos, e a história é inteligente para entender essa questão do que a falta de propósito faz com o ser humano.

Pelo menos até o terceiro ato, quando os roteiristas parecem terem sido picados pelo mosquito que transmite a doença do sono, porque a maneira como eles pensaram para o desfecho com direito a número musical foi tão preguiçosa que fica muito difícil engolir, até mesmo sabendo que é um desenho animado com magia e criaturas falantes, pois foge totalmente da lógica que o próprio roteiro se propõe e, por isso, talvez muita gente vá torcer o nariz.

Wish” é um degrau acima dos últimos lançamentos da Disney, mas essa indústria de manufatura de animações cobrou o seu pedágio com um roteiro que não consegue terminar de forma tão inteligente quanto começou.

Curiosidades:

  • Os sete amigos de Asha são baseados nos Sete Anões da Branca de Neve, inclusive com suas personalidades.
  • Quando o Rei Magnífico é aprisionado num espelho é possível ver o semblante do espelho mágico de “Branca de Neve”.
  • Asha quer ser aprendiz de feiticeiro tal qual o icônico desenho homônimo do Mickey.
  • Há uma cena em que o rei examina alguns desejos e em um há exatamente um personagem voando como Peter Pan e no outro como Mary Poppins. No fim do filme o personagem que deseja voar se chama… Peter!
  • Quando a estrela confere a Asha o título de fada madrinha, seu feitiço cai sobre a personagem exatamente igual à cena em que a fada da Cinderela veste a protagonista com seu vestido mágico.
  • O semblante do Mickey aparece duas vezes no filme: numa cena com fogos de artifício e quando os amigos de acha entram na câmara dos desejos e uma faísca rapidamente forma o semblante.
  • No final, nessa mesma cena dos fogos de artifício, o castelo é envolto pela mesma aura mágica que envolve o castelo oficial da abertura dos desenhos da Disney.
  • Para fazer o filme, a equipe de animação teve que assistir todos os 61 desenhos anteriores da Disney. Este é o 62º.
  • Há outro momento em que se examina um desenho e aparece uma mulher fazendo o vestido da Bela Adormecida. E na mesa de feitiços de Magnífico há a famosa maçã envenenada.
  • O avô de Asha celebra seus 100 anos que é uma analogia aos 100 anos da Disney.
  • Asha significa esperança em indiano e bengali.
  • A abertura da animação através de um livro é igual as feitas nos clássicos Cinderela, Bela Adormecida, e Branca de Neve.

Obs: Não sou de fazer propaganda de outros sites e canais do YouTube, mas se quer saber mais dezenas de easter eggs, veja esse vídeo:

Ficha Técnica:

Elenco:
Ariana DeBose
Chris Pine
Alan Tudyk
Angelique Cabral
Victor Garber
Natasha Rothwell
Jennifer Kumiyama
Harvey Guillén
Niko Vargas
Evan Peters
Ramy Youssef
Jon Rudnitsky
Della Saba

Direção:
Chris Buck
Fawn Veerasunthorn

História e Roteiro:
Jennifer Lee
Chris Buck
Fawn Veerasunthorn
Allison Moore
Carlos López Estrada
Andrew Rothschild

Produção:
Peter Del Vecho
Juan Pablo Reyes Lancaster-Jones

Trilha Sonora:
Dave Metzger

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