O Nascimento Do Mal (“Bed Rest”)

A primeira vez que vi a atriz mexicana Melissa Barrera num papel mais proeminente foi como protagonista dos dois últimos filmes da franquia “Pânico”. Por mais que eu tenha gostado muito de ambos, sempre me incomodou o fato da atriz ser meio insossa e quase anêmica em sua personagem.

Qual é então a minha surpresa que justamente num filme de terror com um subgênero bem batido, encontro a mesma Barrera, só que sem barreiras (desculpa o trocadilho), muito mais natural, fluida, versátil e um dos motivos por que uma produção que tinha tudo para dar errado deu até que muito certo.

Vocês conhecem o subgênero desse terror: grávida com passado de distúrbios psicológicos se muda para uma casa mal-assombrada onde uma entidade quer o seu bebê. “A Última Premonição” e “Oferenda ao Demônio” são dois outros exemplares que não deram muito certo, por exemplo.

A diretora estreante Lori Evans Taylor não faz nada de diferente dos outros filmes, apenas faz tudo muito certinho e se preocupa com a coerência e com a inteligência do espectador.

Barrera é Julie que se muda com seu marido para essa casa para ter um novo começo, depois de um trágico evento sem saber que a casa tem um passado macabro. Lógico que ela começa vendo as assombrações e ninguém acredita nela. Isso com direito a bons sustos, sem inventar a roda.

Só que a dinâmica entre ela acreditar nesse sobrenatural e o resto dos personagens não acreditarem é muito bem construída a ponto de o espectador poder se conectar com a história. A protagonista lança mão de todos os espectros de interpretação, da felicidade, passando pela tristeza e pelo terror, com naturalidade, conquistando assim a confiança do público.

A maneira como o tempo é retratado dá um tom de urgência sem – mais uma vez – nenhum artifício mirabolante. Esse desenvolvimento é tão confiante que até mesmo a absurda cena no final e que destoa completamente com o contexto até então, passa incólume e vira um bom clímax.

As pequenas reviravoltas fazem sentido e o roteiro não se prende ou foca muito em algum elemento, tendo uma história bem distribuída em torno da protagonista.

O Nascimento do Mal” é uma bonança num subgênero tão mal tratado, mostrando que por mais que a premissa seja batida, contar a história direitinho e com cérebro sempre recompensa.

Curiosidades:

  • Há uma cena em que Julie aparece lendo o livro Impresiones y Paisajes” de Federico García Lorca escrito em 1918. O título está em espanhol mesmo. Como a atriz é mexicana de nascimento, o espanhol é sua língua nativa.
  • Melissa Barreira também interpreta uma mulher grávida na série “Respire” da Netflix.

Ficha Técnica:

Elenco:
Melissa Barrera
Guy Burnet
Edie Inksetter
Sebastian Billingsley-Rodriguez
Erik Athavale
Kristen Sawatzky

Direção:
Lori Evans Taylor

História e Roteiro:
Lori Evans Taylor

Produção:
Melissa Barrera
Lori Evans Taylor
Paul Neinstein
William Sherak
James Vanderbilt

Fotografia:
Jean-Philippe Bernier

Trilha Sonora:
Chris Forsgren

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