Um dos principais problemas de filmes de terror com tema sobrenatural, seja de entidades ou de espíritos, é que o roteiro vai criando uma intrincada trama e fica muito difícil desatar o nó no final. Isto é, a história chega num ponto em que, se o roteiro não for muito bem planejado, seus realizadores não conseguem um desfecho decente, coerente ou que faça sentido.
Então sim, muito do jogo dos filmes de terror é decidido no final. Qualquer um que vá produzir e dirigir um filme do gênero que tenha a mínima ambição de ser bom sabe disso. E “Oferenda ao Demônio” conseguiu escolher o PIOR final possível para a sua história.
Eles até começam bem: tudo se passa no meio de uma comunidade judaica em Nova York onde o casal Arthur e Claire que está grávida, vai visitar o pai de Arthur que trabalha numa funerária. Quando chega um cadáver que sofreu uma morte misteriosa, sem querer eles libertam um demônio que estava preso nesse corpo e a entidade passa a atormentar todos na casa.
Os dois primeiros atos contam com bons sustos que não necessariamente imitam produções mais conhecidas, com o desconhecido diretor Oliver Park dando um bom verniz a clichês tão bons quanto. Ainda assim, o espectador pode ficar meio baratinado sobre qual o verdadeiro propósito da tal entidade, não fosse logo no início do filme ela ser apelidada de “tomadora de crianças”. Ou seja, tem uma mulher grávida e um demônio que pega crianças, então a gente já sabe onde isso vai dar.
Os problemas começam a brotar porque mesmo com boas cenas, o desenvolvimento não é objetivo para que se entenda o caminho que esse demônio vai tomar. O elenco está longe de ser carismático, mas também nem são tão exigidos assim.
É quando chega no último ato é que trem descarrilha. O clímax a mil, a coerência já apanhando, e de repente, no desfecho acontece algo que leva o filme a zero, que faz a indignação do público crescer exponencialmente e que consegue destruir toda a premissa construída nos dois primeiros atos. Nunca uma decisão errada conseguiu ser tão errada.
“Oferenda ao Demônio”, tal qual o próprio demo, engana o espectador, fazendo-o vender a alma por um ingresso que não vale nem um pedaço do seu chifre.
Ficha Técnica:
Elenco:
Nick Blood
Emily Wiseman
Paul Kaye
Allan Corduner
Daniel Ben Zenou
Sofia Weldon
Anton Trendafilov
Meglena Karalambova
Jonathan Yunger
Velizar Binev
Direção:
Oliver Park
História e Roteiro:
Hank Hoffman
Jonathan Yunger
Produção:
Jeffrey Greenstein
Hank Hoffman
Yariv Lerner
Sam Schulte
Les Weldon
Jonathan Yunger
Fotografia:
Lorenzo Senatore
Trilha Sonora:
Christopher Young