Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades (“Bardo, falsa crónica de unas cuantas verdades”)

Desde antes de sua mais recente obra fosse lançada, o cineasta Alejandro G. Iñárritu – mais que premiado por “O Regresso” e “Birdman” – bradava aos quatro cantos que, apesar de uma produção sofisticada, o filme seria sobre si mesmo num formato ficcionalizado, onde realidade, memórias distorcidas, desejos e sonhos ocupariam o mesmo espaço. Não dá para dizer que ele não nos avisou.

Seu alter ego aqui é Silvério (Daniel Giménez Cacho do excelente filme espanhol “Blancanieves”), um documentarista mexicano que vive nos EUA e, prestes a receber um prêmio por sua obra, começa uma crise de identidade que o faz navegar em suas memórias, dores e traumas, pelo seu presente e passado.

A produção é toda feita de simbolismos, como o próprio protagonista fala em certo momento, a memória não é o fato, mas como nos lembramos dele. Sendo assim, pode estar distorcido pelo nosso desejo ou até mesmo esquecimento.

Então o desenvolvimento reveza entre realidade e memória, explorando basicamente três pilares traumáticos da vida de Silvério: o filho que perdeu, como sua ausência familiar afetou seu relacionamento com todos, e sua crise de identidade pátria por ter abandonado sua terra natal (México) para ser reconhecido nos EUA, no meio de uma ficcional rivalidade entre os dois países.

Lá pela metade de suas quase 2 horas e 40 minutos, o espectador já consegue fazer os vínculos dos simbolismos com os fatos que permeiam a vida do documentarista e já se familiariza com os coadjuvantes e a dinâmica entre eles.

De qualquer forma Daniel Giménez Cacho carrega o filme nas gostas, fazendo parte de praticamente todas as cenas (vamos dizer 95%), enquanto Iñárritu se esmera nas transições entre o real e o imaginário através de ótimos efeitos especiais, daqueles que de tão discretos nem parecem que existem.

Outro destaque é a fotografia de Darius Khondji, o qual fez aqui um trabalho semelhante ao do excelente “Okja”, em que junta a visão do diretor, a montagem e edição para produzir sequências épicas num retrato paradoxalmente intimista.

Bardo” fecha sendo mais subjetivo do que necessitava, apesar de ter passado a mensagem acertada, ou exatamente o que o diretor queria passar. Para o espectador, um passatempo estético-narrativo com reflexões profundas, mas ainda assim, um passatempo.

Ficha Técnica:

Elenco:
Daniel Giménez Cacho
Griselda Siciliani
Ximena Lamadrid
Íker Sánchez Solano
Luis Couturier
Luz Jiménez
Andrés Almeida
Clementina Guadarrama
Jay O. Sanders
Francisco Rubio
Noé Hernández
Fabiola Guajardo
Ivan Massagué
Luis Gnecco
Grantham Coleman
Daniel Damuzi

Direção:
Alejandro G. Iñárritu

História e Roteiro:
Alejandro G. Iñárritu
Nicolás Giacobone

Produção:
Alejandro G. Iñárritu
Stacy Perskie

Fotografia:
Darius Khondji

Trilha Sonora:
Bryce Dessner
Alejandro G. Iñárritu

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