Branca de Neve (“Blancanieves”)

Em 2012 “O Artista” foi um dos grandes vencedores do Oscar com uma proposta totalmente diferente: a de voltar na época do cinema mudo em contar uma bela história com todos os elementos formatados para emocionar mesmo sem dizer uma palavra. O que poucos sabem é que neste mesmo ano a Espanha lançou um longa que, não só remete a esse mesmo formato, como também narra o conto Branca de Neve dos Irmãos Grimm de uma forma totalmente inusitada.

Passado em 1929, o famoso toureiro Antonio perde os movimentos e sua vontade de viver quando sua esposa morre no parto, durante uma tourada onde Antonio acaba sendo atacado por um touro bravo. Ele é acolhido pela malvada enfermeira Encarna (Maribel Verdú de “Fim dos Tempos”) e, anos depois, a pequena Carmencita vem morar com eles, após a morte de sua avó. E começam os maus tratos até que a pequena Carmem fique adulta (na pele da belíssima atriz Macarena García).

Todos os elementos de Branca de Neve estão lá, só que muito mais soturnos, aproximando-se mais dos Irmãos Grimm do que dos contos da Disney. É como se Branca de Neve fosse dirigido por Tim Burton. Mas é o competente Pablo Berger que assume a batuta e dá a obra uma plasticidade nostálgica com uma belíssima fotografia e reconstituição de época que transporta o espectador no tempo e convence que poderia ser um filme antigo de verdade.

O elenco encaixa perfeitamente em seus papéis – Verdú está deliciosamente má – com destaque para os Sete Anões, cuja importância e conotação subvertem o propósito original de maneira surpreendente. Importante que, apesar de uma trama mais pesada, o diretor nunca abusa graficamente, insinuando muito mais que mostrando, mas com insinuações que talvez enfatizem mais que as próprias imagens (a cena em que a sombra de um touro aparece para determinado personagem é brilhante e ilustra bem esse conceito).

Como todo filme mudo, a trilha sonora acaba sendo responsável por boa parte do tom e emoção da narrativa. E nessa hora o compositor Alfonso de Vilallonga dá talvez o seu maior show misturando uma perfeita orquestra com ritmos flamencos que caracteriza com exatidão ímpar o ciclo e ritmo de acontecimentos que permeiam a trama.

Branca de Neve” é uma pérola escondida para cinéfilos que apreciam a arte de todas as formas e tem um desfecho simplesmente inesquecível. É “O Artista” da Espanha.

Ficha Técnica

Elenco:
Maribel Verdú
Daniel Giménez Cacho
Macarena García
Sergio Dorado
Emilio Gavira
Alberto Martínez
Jinson Añazco
Michal Lagosz
Jimmy Muñoz
Ramón Barea
Inma Cuesta
Ángela Molina
Ignacio Mateos

Direção:
Pablo Berger

Produção:
Pablo Berger
Ibon Cormenzana
Jérôme Vidal

Fotografia:
Kiko de la Rica

Trilha Sonora:
Alfonso de Vilallonga

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