O que deu errado em “Madame Teia”? É muito fácil sair do cinema sem gostar do que viu, mas nessa nova frustração da Sony pelo MCU, não é tão simples de identificar os elementos que jogaram contra a história.
Principalmente porque um dos grandes eventos de toda a Marvel acontece nesse filme. Sim, é algo grandioso, que só quem está bem distante desse universo não vai conseguir identificar. E aí está o primeiro erro do filme: ele não é sobre esse evento.
Aliás, o filme faz de tudo – até criancice de não citar nomes – para fazer o espectador sacar e se achar inteligente. O script inicial era sim sobre esse mega evento do MCU, mas sem ninguém saber porque, o roteiro foi reescrito várias vezes e tomou uma direção completamente diferente (saiba mais nas curiosidades).
Enfim, a história se passa em 2003 e é sobre Cassie (Dakota Johnson de “Persuasão”) que, após bater a cabeça descobre que tem o poder de ver o futuro próximo. Ela cruza o caminho de Ezekiel Sims (Tahar Rahim de “Napoleão”) que tem superpoderes por causa de uma aranha e ambos estão conectados com a mãe de Cassie (isso é contado logo no início).
Ezekiel está convencido pelas suas visões que três garotas serão responsáveis pela sua morte e fará tudo para mata-las, enquanto Cassie involuntariamente vai precisar protege-las. Daí o filme se torna uma mistura de “No Limite do Amanhã” de 2014 com “Uma Noite de Aventuras” de 1987 (quem nunca assistiu esse clássico da comédia, recomendo), e ainda tem algumas cenas como a do caminhão com toras de madeira que lembra a franquia “Premonição“.
O segundo erro está na história dessas três adolescentes interpretadas por Sydney Sweeney de “Todos Menos Você”, Isabela Merced de “Rosalina” e Celeste O’Connor de “A Good Person”. Sem dar spoilers, todas aquelas cenas delas como mulheres-aranhas é meio que pura enganação. São momentos breves que na verdade nem acontecem e até mesmo o desfecho aponta para algo que, não só o público não conseguiu absorver, como também nem quem tem um certo conhecimento do MCU vai conectar as idéias do roteiro para se chegar onde a produção quis.
O momento mais desnecessário do terceiro ato é quando Cassie acha que está em “Velozes e Furiosos” e resulta numa cena absurda da qual Vin Diesel ficaria orgulhoso. Finalmente o clímax, isto é, o grande confronto com o vilão é fraco e nem parece o ápice da trama.
“Madame Teia” descartou talvez a melhor premissa do universo do “Homem-Aranha” por uma história que passa longe das boas conexões com o MCU e daí os erros só foram se acumulando. Não é bom sem ser simplesmente ruim. Mas é uma pena.
Curiosidades:
- Filme mais longo do universo Marvel Sony.
- Dakota Johnson fez quase todas as cenas de dublê na direção.
***SPOILER – SÓ LEIA SE JÁ TIVER ASSISTIDO AO FILME***
- É claro que estamos falando do nascimento de Peter Parker. O roteiro tenta ser esperto (não sei porque) e evita falar no nome do Peter e da Tia May, que é a nova namorada de Ben (Adam Scott de “Virando a Noite”), amigo de Cassie. Mas Bem Parker está lá e sua irmã Mary (Emma Roberts de “Quem Somos Agora”) e cita-se o nome de Richard, ambos os pais de Peter. Provavelmente estejam salvando essa informação para uma possível continuação.
- O scrpt inicial era sensacional: Sims estava convencido de que no futuro o Homem-Aranha iria mata-lo e então vai atrás de Mary para mata-la antes e impedir que ele nasça. E aí entrava Cassie, amiga de Ben, já com seus poderes para tentar impedi-lo e, nesse interim, as três jovens se metiam na confusão e acabavam ajudando Cassie. Daí as menções à Peter Parker e seus familiares no MCU seriam diretas. Mas infelizmente o script foi reescrito para essa trama sem sal que vimos.
Ficha Técnica:
Elenco:
Dakota Johnson
Sydney Sweeney
Isabela Merced
Celeste O’Connor
Tahar Rahim
Mike Epps
Emma Roberts
Adam Scott
Kerry Bishé
Zosia Mamet
José María Yazpik
Direção:
S.J. Clarkson
História e Roteiro:
Matt Sazama
Burk Sharpless
Claire Parker
S.J. Clarkson
Kerem Sanga
Produção:
Lorenzo di Bonaventura
Fotografia:
Mauro Fiore
Trilha Sonora:
Johan Söderqvist
