Os opioides (remédios controlados para dor) já se tornaram uma crise de saúde pública nos EUA e o filme retrata um caso real sobre uma das muitas farmacêuticas que driblaram estudos científicos, subornaram médicos para vencer a concorrência e desviaram a real função de um medicamento perigoso para tratar outros tipos de dores que não deveriam se utilizar deste remédio.
Emily Blunt de “Oppenheimer” é Liza que com uma filha pequena e sem um tostão acaba conseguindo entrar numa empresa farmacêutica em decadência, mas que produziu um remédio que aparentemente é muito melhor que os demais do mesmo nicho, para dores em pacientes com câncer. Quando finalmente ela acha uma brecha para os médicos começarem a prescrever o medicamento, seu chefe Pete (Chris Evans de “Ghosted”) institui programa de subornos e o negócio vai saindo do controle.
O diretor David Yates – que praticamente construiu grande parte da franquia “Harry Potter” seguida de “Animais Fantásticos” – se utilizou de um modelo que não deixa de ser interessante, apesar de convencional de retratar os fatos: quando os personagens prestam depoimentos para a câmera, a qual passa a contar a história, aí sim, em terceira pessoa.
A história é forte, o tema é relevante e o elenco está muito bem, incluindo as participações do ótimo Andy Garcia (“Meu Jantar com Hervé”) como o dono do laboratório e de Catherine O’Hara (dubladora em “Elementos”) como a mãe de Liza.
Dito isso, o diretor não inova muito em abordagem ou narrativa e mantém sua condução no piloto automático, num desenvolvimento previsível que não dá muito espaço para conexão com os personagens. Até mesmo o drama da doença da filha de Liza passa meio que em branco e nem é muito bem explicado no final.
Baseado no livro de Evan Hughes, “Máfia da Dor” merece ser visto, principalmente para quem tem pouco contato com o tema, pois o trata como uma mensagem universal, mas tecnicamente como cinema é mais do mesmo na manufatura de Hollywood e sem o cuidado de querer se destacar.
Curiosidade: Os nomes são todos fictícios, mas o caso real foi com o laboratório Insys Therapeutics e a droga a base de Fetanil deles se chamava Subsys. O dono do laboratório (interpretado por Andy Garcia) se chama John Kapoor e Liza Drake na verdade se chama Maria Guzman. Depois das condenações, a Insys foi comprada pela BTcP Pharma que se comprometeu a administrar a droga apenas para pacientes com câncer em tratamentos paliativos.
Ficha Técnica:
Elenco:
Emily Blunt
Chris Evans
Catherine O’Hara
Andy Garcia
Chloe Coleman
Brian d’Arcy James
Jay Duplass
Amit Shah
Valerie LeBlanc
Aubrey Dollar
Alex Klein
Britt Rentschler
Michael Kosta
Nick J. McNeil
Bella Winkowski
Direção:
David Yates
História e Roteiro:
Wells Tower
Produção:
Lawrence Grey
David Yates
Fotografia:
George Richmond
Trilha Sonora:
James Newton Howard
Michael Dean Parsons