Uma das particularidades da maioria dos filmes da Pixar é deixa o clima épico dos longas da Disney de lado para criar universos fantásticos só que num contexto mais mundano, como um quarto de brinquedos, uma casa num balão, uma cidadezinha na Itália, etc, para tratar de questões filosóficas do dia a dia, como família, propósito de vida, amizade e, agora, relacionamento, sendo esta uma das primeiras, digamos, comédias românticas em essência do estúdio.
Esse foi o filme mais complexo da Pixar em termos de processamento e demorou 7 anos para ser feito. Para se ter uma idéia, o primeiro “Toy Story” de 1995 usou 294 processadores; “Monstros S.A.” (2001) usou 672, “Procurando Nemo” (2003) usou 923. “Elementos” usou 151.000 processadores!
Nesse novo universo, descobrimos uma cidade formada por quatro espécies que são os 4 elementos primordiais da natureza: fogo, água, terra e ar. Eles são cidadãos e convivem em harmonia em Element City. Aliás, grande mérito da animação é justamente os detalhes de como a cidade funciona, principalmente a interação entre seus habitantes de diferentes “etnias”.
Ember é fogo, filha de uma família tradicional cujo pai sonha em passar para ela sua loja. Após um acidente na canalização, ela conhece Wade, água, tímido, mas de ótimo coração. Eles precisam investigar a causa do acidente que pode afetar todo o bairro de fogo e acabam se afeiçoando um ao outro. Mas água não se mistura com fogo! Ou se mistura?
A parte mais fraca da produção dirigida por Peter Sohn de “O Bom Dinossauro” é esse tal acidente muito mal explicado e que vai se enrolando até o espectador nem querer mais qualquer esclarecimento, tentando se concentrar apenas na dinâmica dos protagonistas que, de longe, é a melhor coisa do filme.
Assim, a Pixar comprova que ela é muito melhor quando foca nos relacionamentos interpessoais, seja em família, amigos, ou interesse amoroso. Ember é tão complexa em sua personalidade e reflete tão bem os conflitos da transição para a vida adulta que é difícil não criar afinidade com ela. Daí outra característica imbatível da Pixar é extrair emoções complexas de personagens não humanos e de difícil caracterização. Imagina fazer isso com uma chama. A contraparte de Ember, Wade já é um pouco mais caricato, mas também tem seus momentos.
“Elementos” mexe bem com a emoção do espectador dentro do terreno que a Pixar domina, resultando num ótimo passatempo que só não é melhor, pois esqueceram de trabalhar mais nas tramas paralelas.
Ficha Técnica:
Elenco:
Leah Lewis
Mamoudou Athie
Ronnie Del Carmen
Shila Ommi
Wendi McLendon-Covey
Catherine O’Hara
Mason Wertheimer
Ronobir Lahiri
Wilma Bonet
Joe Pera
Matthew Yang King
Clara Lin Ding
Reagan To
Jeff LaPensee
Ben Morris
Jonathan Adams
Alex Kapp
Direção:
Peter Sohn
História e Roteiro:
Peter Sohn
John Hoberg
Kat Likkel
Brenda Hsueh
Produção:
Denise Ream
Fotografia:
David Juan Bianchi
Jean-Claude Kalache
Trilha Sonora:
Thomas Newman
