Godzilla e Kong: O Novo Império (“Godzilla x Kong: The New Empire”)

A franquia de Godzilla e do King Kong – que agora é uma só – virou “Transformers”, isto é, uma bagunça tão grande que ninguém mais se importa em que pé que está a situação. Ainda lançaram a série em streaming “Monarch” (não vi), mas que aparentemente nada afeta nessa franquia já tão afetada.

Imagino aqui a dor que deve ter sido ser o roteirista desse filme para ter que tirar da cartola uma história que mexa com todos os elementos, os dois monstros, mais os demais monstros que ninguém sabia que existia, a tal da Terra Oca, os personagens humanos, novos personagens, e ainda esperar que cada um tenha minimamente uma coerência na narrativa. Esqueça.

A história começa num mundo “normal” onde monstros atacam a cidade e Godzilla vai lá e destrói o monstro, salvando o dia. Por salvar o dia, entenda-se que na batalha entre Godzilla e qualquer monstro parte de uma cidade inteira é destruída ao custo de milhares de vidas. Sim, para o roteiro salvar o dia é matar milhares de pessoas. E a doutora Ilene (Rebecca Hall retornando para a vergonha) acredita que essa matemática faz total sentido.

Enquanto isso, King Kong passeia pela Terra Oca, tem uma dor de dente (sério), e nesse meio tempo descobre que existe um subterrâneo dentro do subterrâneo (isso mesmo) onde vivem uma tribo de gorilas chefiado por um tal de Skar que planeja dominar a superfície. Daí antigos e novos personagens se juntam com Kong, uma tribo desaparecida para de alguma forma ainda fazer o Godzilla – que achou o Coliseu de Roma como seu AirBnB – ajudar.

Se ao acabar de ler isto você está completamente perdido, bem-vindo ao bom senso. Esse é aquele tipo de blockbuster de desastre onde os personagens parecem que estão brincando o tempo todo, como se não sofressem nenhum risco às suas vidas.

Há um momento em que um personagem morre (esse foi feito para morrer) e não se passa nem 1 minuto antes que ele seja esquecido completamente, por eles e pela gente.

Mas é no último ato que o roteiro surta de vez: o tal plano para derrotar o tal Skar é tão lunático que envolve uns 3 titãs, por pela milésima vez uma criança em risco como se ela fosse indestrutível, uma antigravidade tribal megalomaníaca e, de quebra, um braço mecânico que parece ter vindo do Bubblebee.

Os diálogos nesse terceiro ato são tão absurdos que é quase impossível não cair na gargalhada (de riso ou de raiva) quando soltam falas do tipo: “Ah, eles vão usar a tecnologia da antigravidade através desse líquido viscoso! É tudo ciência!” ou ainda “Deixa que a Mothra leva a menina sem problemas”.

Falando nisso, nenhum diálogo é “melhor” do que quando King Kong, Godzilla e Mothra (e a menina Jia) batem aquele papo depois de terem saído na porrada e se entendem que o melhor mesmo é se juntarem. No final nem os cariocas escapam.

Godzilla e Kong: O Novo Império” não consegue conectar um neurônio a outro promovendo umas das histórias mais patéticas e sem coerência alguma com a franquia. Que ninguém se surpreenda se o próximo filme da franquia for “Godzilla x Kong x Transformers”.

Curiosidades:

  • O design do braço mecânico foi inspirado no robô Gipsy Danger de “Círculo de Fogo”.
  • Filme mais barato da franquia até agora (devem ter economizado no roteiro), custando “apenas” U$ 135MM.
  • Com 8 minutos de tempo de tela é o filme da franquia em que Godzilla aparece menos.

Ficha Técnica:

Elenco:
Rebecca Hall
Brian Tyree Henry
Dan Stevens
Kaylee Hottle
Alex Ferns
Fala Chen
Rachel House
Ron Smyck
Chantelle Jamieson
Greg Hatton
Kevin Copeland
Tess Dobré
Tim Carroll

Direção:
Adam Wingard

História e Roteiro:
Terry Rossio
Simon Barrett
Jeremy Slater

Produção:
Alex Garcia
Eric McLeod
Mary Parent
Brian Rogers
Thomas Tull

Fotografia:
Ben Seresin

Trilha Sonora:
Antonio Di Iorio
Tom Holkenborg

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