O diretor Riley Stearns de “A Arte da Autodefesa” fez um filme que, apesar de ter uma história completamente diferente, leva o mesmo tom, a mesma batida, a mesma vibe – e porque não dizer – o mesmo resultado de seu último filme.
A fofíssima Karen Gillan de “A Bolha” é Sarah e descobre ter uma doença degenerativa incurável. Nessa realidade alternativa onde ela vive, é possível fazer um clone para que após sua morte, esse clone assuma a sua vida para, digamos, que seus entes queridos não sintam sua falta.
O problema é que ela acaba em remissão da doença (isto é, ela fica curada) e tem que lidar com seu próprio clone, sendo que nesse “multiverso”, quando o clone quer viver, os coisa devem se enfrentar numa disputa de onde só um vai sair vivo.
Apesar de misturar vários gêneros, a produção pode ser vista como uma comédia de humor negro, desde as atuações propositalmente caricatas até mesmo na sequência de eventos que se sucedem, o que gradativamente vai se transformando num drama existencial (De que adianta vive se essa não é a vida que eu quero?).
O roteiro explora muito bem as possibilidades que duas pessoas vivendo a mesma vida podem oferecer com destaque para dinâmica dos coadjuvantes em relação às duas Sarah’s. Imaginar que a clone possa ser mais interessante que a original em vários aspectos é um tempero a mais nessa dramédia.
O design de produção é interessante por nunca revelar onde o filme se passa e por apresentar uma tecnologia diferente da nossa: repare como funciona os softwares de computador e celular.
Por outro lado, o diretor não abre mão de seu ritmo passivo e de seu anticlímax avesso à expectativa do público, descambando para algo mais lento e dramático do que para a ação propriamente dita. Mais uma vez, são essas bizarrices narrativas que dão o charme da produção, mas também a fazem mirar muito mais em um determinado nicho de cinéfilos do que num público mais comercial.
“Dual” traz uma nova e original abordagem sobre o tema da clonagem com ótimas sacadas de humor negro, mas com um ritmo mais lento e filosófico que deve dispersar parte do mainstream.
Curiosidades:
– O diretor Riley Stearns faz uma ponta como o caixa do posto de gasolina.
– O filme propositalmente se passa em local desconhecido: as placas de carro são originais para o filme, os sinais de trânsito são europeus, mas se dirige pela esquerda como na América. Na realidade a produção foi filmada na Finlândia.
– Todos os filmes e comerciais que passam na TV de Sarah foram feitos especialmente para o filme.
Ficha Técnica
Elenco:
Karen Gillan
Aaron Paul
Beulah Koale
Theo James
Elina Jackson
Maija Paunio
Rea Lest
Direção:
Riley Stearns
Produção:
Nate Bolotin
Maxime Cottray
Lee Kim
Nick Spicer
Riley Stearns
Fotografia:
Michael Ragen
Trilha Sonora:
Emma Ruth Rundle