Filme baseado em eventos reais do mercado financeiro americano muito na linha do ótimo “A Grande Aposta” (inclusive os fatos deste filme são citados).
A trama em si, envolvendo bolsa de valores não é muito fácil de entender, então vou dar uma breve explicação: um dos artifícios das grandes empresas para fazerem muito dinheiro é chamado liquidação forçada onde elas vendem em massa ações de empresas que desempenhos duvidosos para que esta seja forçada a pedir falência.
O que aconteceu em 2021 em plena pandemia foi que a rede americana de eletrônicos Gamestop estava justamente sofrendo uma liquidação forçada por um fundo hedge do milionário Gabe Plotkin (Seth Rogen de “Os Fabelmans”) ao mesmo tempo em que um influenciador digital de finanças, Keith Gill (Paul Dano também de “Os Fabelmans”) mobilizava seus seguidores a comprar ações da mesma empresa.
A comoção foi tão grande dentre os seguidores que a tendência se espalhou exponencialmente numa alta de ações nunca antes vista o que fez o fundo de Plotkin perder bilhões e recorrer a ações ilegais para tentar cessar o movimento de Keith, o que levou até à intervenção do governo americano.
O diretor Craig Gillespie do sensacional “Eu, Tonya” tenta explicar a essência e vários termos complexos através da visão de seus vários personagens. Ele coloca as três pontas da narrativa: os bilionários donos de fundos, os personagens que representam os seguidores de Keith comprando e segurando as ações, e o próprio protagonista como o centro dos eventos.
Assim, o diretor reúne um elenco de peso que passa credibilidade e faz com que o espectador se conecte com os eventos, mesmo sem estar por dentro do assunto, da mesma forma que os seguidores do influenciador muitas vezes pairam em dúvidas principalmente a partir da metade do filme quando os donos do fundo começam a se movimentar para barrar ilegalmente a subida das ações da Gamestop.
O ponto fraco é mais pelo fato do caso inteiro só ser contado até o fim através de legendas antes dos créditos finais, já que o roteiro pega apenas um trecho dos eventos, mas ainda assim, suficiente para surtir um efeito de pertencimento e satisfação com o resultado.
“Dinheiro Fácil” tem uma realização perspicaz, ótimas atuações e, dentro do possível, consegue extrair as reações do público da sempre importante luta contra o sistema.
Curiosidades:
- “Dumb Money” que é o título original de “Dinheiro Fácil” na verdade é como os grandes investidores da bolsa chamam o dinheiro do pequeno investidor ou investidor varejista, uma espécie de “dinheiro idiota”, pois na mente deles não faz diferença para o mercado.
- O filme começa quando as ações da Gamestop passam a chamar atenção com a mobilização de Keith. O que o filme não conta é que ele começou a comprar as ações da empresa logo no início da pandemia e um dos insights que ele teve é que como as pessoas ficariam muito em casa devido ao lockdown, elas iriam ter o vídeo game como uma das grandes fontes de lazer.
- Nick Offerman de “Nostalgia” que faz o papel de Ken Griffin, o investidor que praticamente comandou as ações ilegais na bolsa contra a Gamestop, foi ameaçado judicialmente pelo próprio Griffin para que ele não o interpretasse no filme.
Ficha Técnica:
Elenco:
Paul Dano
Pete Davidson
Vincent D’Onofrio
America Ferrera
Myha’la Herrold
Nick Offerman
Anthony Ramos
Seth Rogen
Talia Ryder
Sebastian Stan
Shailene Woodley
Kate Burton
Clancy Brown
Rushi Kota
Larry Owens
Dane DeHaan
Olivia Thirlby
Andrea Cárdenas
Direção:
Craig Gillespie
História e Roteiro:
Lauren Schuker Blum
Rebecca Angelo
Ben Mezrich
Produção:
Craig Gillespie
Aaron Ryder
Teddy Schwarzman
Fotografia:
Nicolas Karakatsanis
Trilha Sonora:
Will Bates
