Eu, Tonya (“I, Tonya”)

https://www.youtube.com/watch?v=HDsIg9iSKEE

Originalidade é quando uma biografia é contada fora dos padrões burocráticos de narrativa. “Eu, Tonya” é isso e muito mais.

A história da patinadora que foi a primeira mulher a dar um salto triplo e que foi amada e odiada por ser envolvida num dos maiores escândalos do esporte nos EUA na década de 90 é capitaneada de forma assombrosa por Margot Robbie (“Os Últimos na Terra”). Sem dúvidas, se não fosse Frances McDormand ganhar o Oscar por “Três Anúncios para Um Crime”, seria Robbie sem sombra de dúvida. Sua personagem é tão complexa e cheia de camadas que fica difícil dar apenas um rótulo, tipo sociopata, vítima, carente ou algo parecido.

Só que o centro de gravidade da narrativa passa pelo marido e mãe dela que, tal qual Margot Robbie, também estão sensacionais: pra quem acompanha o Soldado Invernal, Bucky, em “Vingadores”, o ator Sebastian Stan está irreconhecível como o marido de Tonya, num papel que vai do drama chocante á comédia sem nunca perder a essência da trama; e não dá pra deixar de destacar a ganhadora do Oscar de melhor atriz coadjuvante, Allison Janney (“A Garotas no Trem”) pelo seu impagável papel como a mãe de Tonya. Esse trio cria uma dinâmica invencível dentro da tela que permeia praticamente todos os eventos e, em retrospecto, tem como causa e consequência das fraquezas e fortalezas dos personagens.

Não satisfeito com tamanho talento do elenco, o diretor Craig Gillespie (“Horas Decisivas”) adotou uma abordagem em que reveza entre a narrativa em terceira pessoa, entrevistas (logicamente em primeira pessoa) e um misto onde os personagens quebram o quarto muro, isto é, falam com o público no meio da narrativa. Só que este último tem um diferencial: muitas vezes parte da narração é feita em off e de repente o personagem continua a própria narração em cena. Isso dá um efeito engraçado e envolvente que põe o espectador num diálogo, refresca a tensão, mas não a essência. E edição ainda torna a composição desses elementos narrativos eletrizantes resultando num drama com um ritmo de filme de ação e ótimas risadas sem que necessariamente haja piadas prontas.

Eu, Tonya” talvez seja um dos exemplares mais originais de um drama feito em 2017 onde tudo funciona à perfeição, do elenco à direção passando pela reconstituição de época, roteiro e efeitos especiais (sim, eles existem e o fato de o espectador não perceber é melhor ainda). Imperdível.

Curiosidades:

– Na atualidade, apenas 6 patinadoras femininas conseguem fazer o famigerado salto triplo no gelo. Como é muito arriscado, ninguém se prontificou a fazer no filme. Então ele foi completado com a ajuda de efeitos especiais.
– Logicamente havia uma dublê para as cenas no gelo. O rosto de Margot Robbie foi inserido na dublê digitalmente. Ainda assim, Robbie treinou exaustivamente para poder fazer o básico sem precisar de dublê.
– Para Allison Janney, as entrevistas eram a pior parte porque ela não gosta de pássaros. Ela filmou toda a sua participação no filme em apenas 8 dias.
– Margot Robbie usou peruca em todas as suas cenas. Para dar ao cabelo da peruca aquela textura, a equipe passou cerveja no cabelo porque nenhum produto chegava no resultado pretendido.

Ficha Técnica

Elenco:
Margot Robbie
Sebastian Stan
Allison Janney
Julianne Nicholson
Paul Walter Hauser
Bobby Cannavale
Bojana Novakovic
Caitlin Carver
Maizie Smith
Mckenna Grace
Suehyla El-Attar
Jason Davis
Mea Allen
Cory Chapman
Amy Fox

Direção:
Craig Gillespie

Produção:
Tom Ackerley
Margot Robbie
Steven Rogers
Bryan Unkeless

Fotografia:
Nicolas Karakatsanis

Trilha Sonora:
Peter Nashel

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