Até que este poderia ser um bom e consistente filme de ficção científica de ação, mas tem algumas esquisitices desnecessárias que complicam o meio de campo.
Primeiro é que o filme desenha exatamente a que veio, mesmo que o trailer já faça isso e como se o espectador não pudesse sequer ligar um neurônio a outro: Adam Driver de “Ruído Branco” é o piloto Mills de uma nave que cai na terra há 65 milhões de anos atrás, sendo ele e uma criança (Ariana Greenblatt de “Problemas Monstruosos“) os únicos sobreviventes. Então eles têm que tentar escapar do nosso planeta enfrentando as mais diversas… tcharam… ameaças pré-históricas. (já leu o título?)
Sim, eles são de outro planeta e o protagonista fala inglês e isso não tem nada demais. Porém a criança fala outra língua porque é de outro país daquele planeta. A próxima esquisitice é a barreira da linguagem é algo tão intransponível que é como se os dois fossem de planetas diferentes, já que não se entendem nas mínimas coisas e ela parece deslumbrada com tudo, inclusive com o que vem do próprio planeta.
Há uma bela premissa dramática entre Mills e sua filha que poderia ser muito bem aproveitada, mas os desconhecidos diretores Bryan Woods e Scott Beck jogam logo tudo de uma vez na cara do público num primeiro ato tão rápido que não dá tempo de ninguém absorver o vínculo entre os dois.
Aliás, os primeiros 10 minutos de filme são de uma pressa inexplicável, pois é o momento dramático do qual derivam quase todos os outros, mas vai tudo a jato. Há uma quase boa cena que sugere o que aconteceu entre Mills e sua filha, só para logo depois o roteiro desenhar de novo o que não precisava.
Indo ao que interessa, a produção entende ser uma mistura de “Perdido em Marte” com “Jurassic Park” e todo mundo fica a espera dos dinossauros. Chegamos então à esquisitice final: eles demoram a aparecer (apesar do primeiro ataque ser uma ótima surpresa) e o ritmo fica quebrado, até que chega o último ato e parece que Mills e a criança Koa ofenderam os pais de todos os dinossauros do planeta, pois estes atacam nossos heróis com tudo, como se fosse uma rixa pessoal.
Há algumas boas sequencias de ação, seguindo o clichê tudo quase dando errado para depois dar certo e, com um bom design de produção e efeitos especiais bem feitos, talvez o espectador assista sem grandes traumas.
“65” mistura clichês batidos com decisões narrativas bastante questionáveis e uma boa mas desequilibrada dose de ação para gerar um filme esquecível em segundos, mas que também não machuca de tão rápido que passa.
Ficha Técnica:
Elenco:
Adam Driver
Ariana Greenblatt
Chloe Coleman
Nika King
Direção:
Scott Beck
Bryan Woods
História e Roteiro:
Scott Beck
Bryan Woods
Produção:
Zainab Azizi
Scott Beck
Deborah Liebling
Sam Raimi
Bryan Woods
Fotografia:
Salvatore Totino
Trilha Sonora:
Chris Bacon
