Quando o primeiro “Gato de Botas” foi lançado em 2011, foi exatamente o que se esperava: um spin-off da franquia “Sherk”, bonzinho, mas desnecessário que se baseava mais no carisma do personagem cuja voz e vida foi dada por Antonio Banderas do que de algo com um conteúdo mais relevante. Nada além de uma diversão rasa.
Então o que esperar de uma continuação mais de 10 anos depois. Para a surpresa de todos, “Gato de Botas 2” é uma das melhores animações da franquia “Sherk” inteira. O motivo é tão simples quanto óbvio: é um os melhores roteiros escritos para nossos queridos personagens. Tão bom, inclusive, que o fato de ser protagonizado pelo Gato de Botas que conhecemos é um mero detalhe, ou melhor, um plus pelo fato de, não só já termos uma bagagem emocional junto ao personagem, como também a história acabar fazendo parte de um universo muito bem-sucedido.
Após perder sua oitava vida, o Gato decide se aposentar por medo de morrer, principalmente quanto um misterioso e malévolo lobo está atrás dele (aqui falamos do nosso brasileiríssimo Wagner Moura que dubla ambas as versões original e dublada em português). Entretanto, ao saber da existência de um mapa que pode leva-lo a uma floresta onde existe uma estrela mágica que concede um único desejo mágico, ele se anima a voltar a ativa e com a companhia de sua “amiga” Kitty e do cãozinho Perrito. Só que outros vilões também estão atrás desse desejo.
A estética da animação é magnífica que vai muito além do óbvio, coreografando cenas de ação como um misto de computação com movimentação quadro a quadro, dando um interessante efeito que contrasta, mas não destoa da narrativa.
Outro acerto são os coadjuvantes, todos carismáticos, inclusive o maior dos vilões, com direito a referências pop ótimas de “Harry Potter”, a bola de cristal do “Mágico de Oz”, a maleta de “Mary Poppins” e até o Grilo Falante de “Pinóquio” aqui com uma roupagem hilária, entre outros, principalmente da Disney. Destaque para Harvey Guillén de “Os Estagiários” e que arrasa na série de comédia “What we do in the shadows” como o cãozinho Perrito que talvez seja o mais engraçado e mais emocionante personagem.
Tudo é acessório para o verdadeiro tesouro que é a essência da história: com tanta gente atrás de um pedido, quem seria seu real merecedor? Mais que isso, o que é ser merecedor desse pedido? E o que seria um pedido relevante? Essa discussão permeia todo o filme de forma emocionante, mas muito bem diluída num bom humor engraçadíssimo sem ser apelativo.
Seu desfecho não só acerta todas as pontas como aponta para um novo caminho muito promissor para a franquia que talvez garanta que vamos ver todos esses queridos personagens já já num reino tão tão distante. Imperdível.
Curiosidades:
- Os cavalos que puxam a carruagem do Big Jack na verdade são os unicórnios que perderam seus chifres que o vilão guarda como troféu.
- A Cachinhos Dourados tem detalhes que refletem os três ursos que a criaram: os brincos diferentes que a ursa mãe usa, o cabelo que reflete as orelhas do urso irmão e a cicatriz no olho que reflete a mesma cicatriz do urso pai.
- É o filme mais longo da franquia Shrek com 1h42min.
- Quando o lobo revela suas intenções no primeiro encontro no bar, o Gato de Botas está em seu 9º copo de leite. É possível ver os outros 8 copos vazios ao lado, representando suas vidas perdidas.
- Durante a luta com o gigante, é possível ver o Lobo num beco sombrio por 1 segundo.
- Nessa mesma luta, o sino da igreja bate 8 vezes, exatamente o número de vidas que o Gato de Botas perde até então.
Ficha Técnica:
Elenco:
Antonio Banderas
Salma Hayek
Harvey Guillén
Florence Pugh
Olivia Colman
Ray Winstone
Samson Kayo
John Mulaney
Wagner Moura
Da’Vine Joy Randolph
Anthony Mendez
Kevin McCann
Direção:
Joel Crawford
Januel Mercado
História e Roteiro:
Paul Fisher
Tommy Swerdlow
Tom Wheeler
Produção:
Mark Swift
Fotografia:
Chris Stover
Trilha Sonora:
Heitor Pereira