Oz: Mágico e Poderoso (“Oz the Great and Powerful”) ***NOS CINEMAS***

Sam Raimi teve a competência ou a sorte de acertar nos filmes que precisava acertar e errar nos filmes que podia se dar a esse luxo. De acertos, começou sua carreira com um terror que é o eterno cult “A Morte do Demônio” nos anos 80, foi o pioneiro na safra de bons filmes de super-herói com “Darkman – Vingança Sem Rosto” e carimbou seu passaporte ao estrelato com a trilogia de “O Homem-Aranha”. De erros, fez o pior western do planeta com o constrangedor “Rápida e Mortal” (lembra da Sharon Stone?), o chatinho drama “Por Amor” e o dispensável “O Dom da Premonição”.

Oz: Mágico e Poderoso” era um daqueles em que ele tinha que acertar. E acertou em cheio. Pegou James Franco que trabalhou com ele em “O Homem-Aranha” e colocou-o como Oscar, ou Oz, um mágico de araque no Kansas, antes dos acontecimentos que dariam origem ao clássico “O Mágico de Oz”. Ao fugir de uma confusão dentro de um balão, o sem escrúpulos Oz, entra num furacão e para no mundo que leva o seu nome. Então é interpelado por três bruxas, sendo uma delas a bruxa má. Então ele deve descobrir a quem se aliar, como escapar da enrascada e, se der tempo, ainda salvar o mundo de Oz.

Sam Raimi conseguiu dar a cara da Disney à produção e fazê-la aos moldes de servir para todas as idades. Desde os créditos iniciais criativos, até a ótima idéia de restringir a área de projeção e deixa-la em preto e branco até a entrada em Oz. Tecnicamente é irrepreensível com um 3D fascinante e efeitos especiais inimagináveis há uma década. A interação dos personagens de carne e osso com os de CGI chega a ser um prodígio.

Mas de nada valeria se a história não fosse bem contada e os personagens não fossem interessantes. O roteiro que parece contar uma história infantil, debruça-se em questões existenciais genuínas com óbvio destaque para o caráter de cada integrante da narrativa. E é aí que James Franco virou mestre, fazendo uma cara lavada de malandro, ele consegue captar a afinidade do público mesmo sendo alguém de moral tão duvidosa. Lógico que a atuação das três lindas bruxas também contribui bastante para o resultado, sendo o trio formado por Mila Kunis (“Ted”), Rachel Weisz (“O Legado Bourne”) e Michelle Williams (“Sete Dias com Marilyn”). Até os personagens digitais são cativantes, principalmente a garotinha de porcelana, interpretada por captura de movimentos pela surpreendente atriz mirim (“Amor a Toda Prova”) que também faz a garota paraplégica no início do filme. E essa é apenas uma das várias correlações deliciosas entre o Mundo de Oz e o de Kansas, o que por sinal é fundamental para o profundo entendimento do significado do filme e, porque não dizer, do próprio “O Mágico de Oz”.

Os fãs de Sam Raime vão se divertir descobrindo onde estão o irmão do diretor, Ted Raimi, e seu melhor amigo, Bruce Campbell, que aparecem em todos os seus filmes e aqui não é diferente. “Oz: Mágico e Poderoso” é um casamento que dá certo entre o cinema comercial, a arte e a afinidade com o público, o que resulta não só num ótimo passatempo, como também numa intrigante reflexão narrativa.

Ficha Técnica

Elenco:
James Franco
Mila Kunis
Rachel Weisz
Michelle Williams
Zach Braff
Bill Cobbs
Joey King
Tony Cox
Stephen R. Hart
Abigail Spencer
Bruce Campbell
Ted Raimi

Direção:
Sam Raimi

Produção:
Joe Roth

Fotografia:
Peter Deming

Trilha Sonora:
Danny Elfman

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