Yoga Hosers

A década de 2010 foi um período peculiar para o diretor Kevin Smith. Ele brigou com Jeff Anderson, um dos personagens principais da sua saga “O Balconista” com quem só iria se reconciliar durante a pandemia para daí voltar a esse universo com a ótima terceira parte.

Então nesse hiato ele enveredou por uma interessante experiência de terror chamada “Seita Mortal” e começou o que ele próprio chamou de trilogia canadense, sendo o primeiro o mediano terror cômico “Tusk – A Transformação” e em seguida essa esquisita comédia “Yoga Hosers” que é uma espécie de continuação espiritual.

Nem há título em português, sendo que “hosers” é uma gíria própria do Canadá que tem a tradução mais próxima do inglês como “loser” ou “perdedor” no português ou “idiota”, sendo então a livre tradução do título, algo do tipo “As Idiotas do Yoga”.

Pegando o espírito do que é familiar a Smith, ele conta a história de duas balconistas no Canadá, interpretadas pela filha dele, Harley Quinn Smith e Lily-Rose Depp, ambas que também fizeram uma ponta em “Tusk”.

Elas descobrem que há uma conspiração nazista no porão da loja onde elas trabalham onde miniaturas de Hitler saem matando geral.

Sim, essa é a história. Aliás, o grande problema do filme é não ter uma história, ou pelo menos algo que se concatene a uma essência ou arco narrativo. O diretor quis apenas sacanear – no bom sentido – com o Canadá, brincando com seu sotaque, com a fama de que todo mundo é bonzinho, entre outros trejeitos.

Os brasileiros vão perder grande parte das piadas, principalmente quanto à pronúncia caricatural de certas palavras em inglês como worst / wurst e about / ‘boot.

Quase todo o elenco de “Tusk” aparece de volta, seja no mesmo personagem, como as protagonistas e até mesmo Johnny Deep que volta como o infame detetive Guy Lapointe, seja em personagens diferentes como Justin Long que em “Tusk” era o protagonista e aqui ele faz uma ponta como instrutor de Yoga plagiando o Zé Colméia.

Infelizmente há mais piadas fraquinhas do que boas sacadas, além de efeitos especiais talvez propositalmente toscos e constantes quebras de ritmo como se quisessem esticar um fiapo de trama à exaustão.

O clímax é chato, quase amador e foca parecendo que só o elenco e a equipe de filmagem estão se divertindo, como mostra na cena no meio dos créditos onde a dupla de protagonistas canta uma música onde até Johnny Deep entra com a guitarra.

Yoga Hosers” é desnecessário e provavelmente só os fãs de Kevin Smith devem se aventurar. E está em desenvolvimento a última parte da trilogia canadense: “Moose Jaws” (tradução livre: Tubarão Alce). Aguardem. Ou não.

Curiosidade:

  • Jason Mewes, um dos melhores amigos de Kevin Smith e que faz o Jay da dupla com Silent Bob no Smithverso era para ter sido o mini-Hitler. Só que Mewes tem claustrofobia e não aguentou a sessão pesada de maquiagem. Então ele acabou ficando com o papel de um policial, enquanto o próprio Smith fez o mini-Hitler. Só que para fazer o personagem, ele teve que, pela primeira vez em décadas, raspar a sua barba, coisa que ele nunca havia feito desde que deixou crescer na década de 90.
  • Em “Tusk – A Transformação”, Johnny Depp não foi creditado porque seus agentes tinham medo de que esse papel diminuísse seu prestígio sendo que naquela época (2014) ele só estrelava filmes grandiosos como protagonistas. Quando “Yoga Hosers” foi lançado, estava começando a sair na mídia seus problemas de casamento, então a reação dos agentes foi a inversa: colocar mais créditos para que ele tivesse mais relevância em Hollywood, mesmo que em papéis coadjuvantes.
  • O menino chato que entra na loja é interpretado por Jack Deep, outro filho de Johnny Depp.
  • Harley Quinn Smith e Lily-Rose Depp são amigas de longa data e o projeto foi uma espécie de reunião familiar.
  • No fim dos créditos, a voz de Kavin Smith aparece numa transmissão de seu podcast.
  • O único ator relevante de “Tusk” que não aparece em “Yoga Hosers” foi Michael Parks, porque ele estava doente na época das filmagens.
  • A mãe de Collen (Harley Quinn Smith) é a mãe dela na realidade e esposa de Kevin Smith, Jennifer Smith.
  • E quem interpreta a professora Maurice é Vanessa Paradis, mãe de Lily-Rose Depp e ex-mulher de Johnny Depp, com quem se dá muito bem.
  • Há uma cena em que Lily-Rose Depp fala francês. Ela realmente fala francês fluente porque sua mãe, a atriz, modelo e cantora, Vanessa Paradis é francesa. Ela teve um grande sucesso no Brasil na década de 80 chamado “Joe Le Taxi”, música que foi copiada / traduzida pela Angélica pouco depois com o nome de “Vou de Táxi”.
  • Há uma cena em que toca a música Wishing Well do cantor Terence Trent D’Arby. A mansão onde Kevin Smith mora, pertencia antes ao cantor.
  • As manchas no rosto de Guy Lapointe (Depp) mudam de posição a cada cena.

Ficha Técnica:

Elenco:
Lily-Rose Depp
Harley Quinn Smith
Adam Brody
Ashley Greene
Jack Depp
Austin Butler
Tyler Posey
Jennifer Schwalbach Smith
Justin Long
Tony Hale
Natasha Lyonne
Genesis Rodriguez
Vanessa Paradis
Haley Joel Osment
Ralph Garman
Sasheer Zamata
Johnny Depp
Kevin Smith
Stan Lee
Jason Mewes

Direção:
Kevin Smith

História e Roteiro:
Kevin Smith

Produção:
Liz Destro
Jordan Monsanto
Jennifer Schwalbach Smith

Fotografia:
James Laxton

Trilha Sonora:
Christopher Drake

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