Matt Walsh, dono de um talk show americano e o cineasta Justin Folk produzem esse documentário sobre um dos assuntos mais delicados do momento: a ideologia de gênero, mais propriamente o transgênero.
Com o pé na ciência, a preocupação deles inicialmente é tentar através de ambos os lados (apoiadores ou não) e culturas (ocidental / outras) a questão de que, exemplificando o caso do homem que assume ser mulher trans seria exatamente a mesma coisa do que ser uma mulher biológica, o que é então ser uma mulher?
A primeira parte interessante é que há total respeito: em nenhum momento os realizadores deixam de reconhecer pessoas trans e tem debates interessantes com elas. Só que cada vez que as conversas vão se aprofundando, o assunto vai ficando mais controverso.
Eles nunca exploram o tema da pessoa trans em si, mas começam a questionar pontos indiscutivelmente interessantes, como por exemplo: como procedimentos cirúrgicos e hormonais podem afetar a saúde da pessoa e quem sai lucrando com isso; se a crise de identidade que faz alguém a mudar seu “sexo” (entre aspas porque o sexo biológico não muda) pode se assemelhar com outro tipo de identidade (amputar um braço resolveria uma crise diferente de identidade?); porque apesar de ser minoria, a mídia está focando massivamente na classe em contraste com uma realidade racial que ainda engatinha em Hollywood; como jovens são atraídos e passam a pensar que qualquer crise de pré-adolescência pode estar associada com identidade de gênero; como atletas trans estão tomando lugares de atletas biológicos por causa das óbvias diferenças, etc.
O destaque é que a maioria dos entrevistados são apoiadores, dando seu ponto de vista e é incrível a falta de resposta para algumas perguntas muito simples, principalmente quando se chega naquela que dá o título do filme.
Também são revelados fatos assustadores, como o lucro que a indústria médica está tendo com procedimentos hormonais em pessoas de todas as idades, até mesmo menores (para dirigir nos EUA é preciso ter 16 anos, mas dá pra mudar de sexo com menos idade). Inclusive há uma esclarecedora história sobre a origem da identidade de gênero, vinda de Kinsey com seus experimentos nada ortodoxos.
Há uma leve dose de bom humor, especialmente no desfecho. Agora, se em vários momentos o debate é aberto a interpretações, em outros, é difícil escapar da realidade, o que talvez é o grande ponto desse e de qualquer documentário.
“O que é uma Mulher?” merece ser assistido por ambos os lados, pois não nega a realidade das pessoas trans, mas questiona uma série de causas e consequências que devem ser levados em consideração até mesmo para um melhor autoconhecimento.
Ficha Técnica:
Elenco:
Matt Walsh
Gert Comfrey
Marci Bowers
Don Sucher
Michelle Forcier
Patrick Grzanka
Miriam Grossman
Selina Soule
Rodrigo Lehtinen
Terry Miller
Mary Gregory
Fallon Fox
Mark Takano
Scott Newgent
Sara Stockton
Jordan B. Peterson
Debra Soh
Carl Trueman
Naia Okami
Tanner Cross
Kimberly Wright
Perris Jones
Helena Kerschner
Alissa Walsh
Direção:
Justin Folk
Produção:
Justin Folk
Charlotte Roland
Dallas Sonnier
Fotografia:
Anton Seim
Trilha Sonora:
Scott McRae
Ryan Rapsys
