Terra de Minas (“Under sandet”)

Na Dinamarca pós Segunda Guerra Mundial, mais de 2 mil soldados alemães prisioneiros foram forçados a limparem mais de 1.5 milhões de minas terrestres das praias da Dinamarca. Isso porque os alemães nazistas pensavam que a costa dinamarquesa poderia ser um dos maiores alvos dos aliados. Desses 2 mil soldados alemães, metade morreu ou perdeu membros devido a explosões de minas. Detalhe: grande parte dos soldados era menor de idade ou tinha acabado de completar 18 anos. Isso inclusive depois foi considerado um dos grandes crimes de guerra dentre os aliados.

A produção mostra uma das histórias de um pequeno pelotão de soldados alemães, supervisionados pelo sargento dinamarquês Carl (Roland Møller de “Céu Vermelho-Sangue”).

A introdução faz questão de mostrar o ódio de Carl pelos alemães, mais que justificado, já que estamos falando dos nazistas que invadiram a Dinamarca e mataram milhares. Esse é o ponto de partida para sua relação com seus prisioneiros que arriscam a vida, mina a mina, pensando que ao fim vão poder voltar para casa.

Só essa dinâmica entre o ódio, a confiança, a empatia, o dever e a afeição, aliado ao sempre iminente risco de morte de um personagem, já daria um filmaço. O diretor Martin Zandvliet de “Dívida Perigosa” faz questão de não apontar para nenhum personagem do pelotão alemão como principal para que o espectador nunca saiba quem pode ser o próximo a morrer e em que condições isso pode acontecer.

Møller como protagonista também enfrenta uma brilhante jornada emocional para tentar encontrar uma humanidade justificavelmente perdida na guerra. Essa reflexão também é um dos pontos altos do filme: até onde o ódio vence uma guerra mesmo depois que ela acaba; até onde há perdão; até onde se quer o perdão. Os coadjuvantes jovens estão corretíssimos e conseguem mostrar complexidade em seu sofrimento sem necessariamente apelar para a redenção ou arrependimento fácil, tornando a relação entre eles e seu superior ainda mais interessante.

A fotografia de Camilla Hjelm – parceira do diretor em seus filmes – dá um show de simplicidade para enfocar a imensidão da costa dinamarquesa e o quão perigosa isso se torna após o conflito.

Terra de Minas” é um drama original quando a gente pensa que todas as histórias sobre a Segunda Grande Guerra já foram contadas, e com muita emoção sem ser apelativa, além de uma competência enorme na condução. Recomendadíssimo!

Curiosidades:

– A única correção histórica no filme é que os pelotões de desarmamento de minas composto pelos jovens soldados alemães eram supervisionados pelos ingleses e não pelos dinamarqueses. Ainda assim, os dinamarqueses comandavam as operações indiretamente.
– Durante o treinamento feito num campo de minas real da época, os atores encontraram uma mina de verdade e funcionando! Ela foi desarmada depois pelos especialistas que estavam treinando o elenco.
– Os jovens atores não sabiam quem ia morrer, o no dia em que havia uma cena de morte, o ator determinado não voltava mais ao set. Isso fez com que eles se sentissem mais deprimidos, exatamente o efeito que o diretor queria para o filme.

Ficha Técnica

Elenco:
Roland Møller
Louis Hofmann
Joel Basman
Mikkel Boe Følsgaard
Laura Bro
Zoe Zandvliet
Mads Riisom
Oskar Bökelmann
Emil Belton
Oskar Belton
Leon Seidel
Karl Alexander Seidel
Maximilian Beck
August Carter
Tim Bülow
Alexander Rasch
Julius Kochinke
Aaron Koszuta
Levin Henning
Michael Asmussen

Direção:
Martin Zandvliet

Produção:
Malte Grunert
Mikael Chr. Rieks

Fotografia:
Camilla Hjelm

Trilha Sonora:
Sune Martin

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