Pearl

Pearl” veio embalado num imenso hype produzido pelo seu antecessor (ou cronologicamente sucessor), “X – A Marca da Morte”, que como nossa crítica aponta é um mais do mesmo do gênero slasher muito bem feito e recomendado. “Pearl” não justifica o hype porque é um bicho completamente diferente. Aliás, essa é até uma boa notícia. Qualitativamente é tão bom quanto, mas dando uma guinada de 180 graus na experiência de ser assistir ao filme. Até porque é muito mais um filme conceito do que um filme de terror em si.

Ele conta a história da origem de Pearl, a velhinha que junto com seu marido mata geral em “X – A Marca da Morte”. Lá ela já era interpretada por Mia Goth – que fazia dois papéis – e aqui ela vem sem maquiagem vivendo na mesma fazenda com um pai em estado vegetativo e a uma mãe severa com o marido tendo ido para a 1ª Guerra Mundial. Obcecada com o sonho da sair daquele lugar que ela considera um inferno e seguir a carreira artística, ela acaba cometendo os mais terríveis atos.

O cineasta Ti West que escreveu o roteiro junto com a própria Goth fez uma abordagem técnica que mistura os clássicos de fantasia da década de 60 com o suspense de Alfred Hitchcock, seja na mistura de paletas, ângulos de câmera e até mesmo nas caricatas atuações sem jamais beirar o absurdo.

Ele vai desenvolvendo a narrativa no seu tempo para que o espectador embarque na jornada psicológica da protagonista, como uma justificativa para ela se tornar uma psicopata. Isso funciona tão bem que essa jornada poderia ser comparável ao que acontece em “Joker” só que em versão “Psicose” de Hitchcock.

Aqui Mia Goth dá um show, se é que alguém ainda tinha dúvidas sobre seu talento. Ela faz um monólogo de quase 7 minutos em uma tomada só onde é tomada por um turbilhão de emoções que deve estarrecer o público. E ainda tem um desfecho onde sua expressão vai de felicidade a aterrorizante num espaço de 2 minutos.

Ainda há outro trunfo que é tão camaleônico quando a atriz: a trilha sonora de Tyler Bates (“Dupla Jornada”) e Tim Williams que fazem a proeza de permitir transições de melodias leves para um clima de tensão e terror sem que haja um susto ou seja abrupto, e segue o compasso das emoções da própria Protagonista.

Finalmente, a obra não se priva apenas em concentrar a abordagem em Goth, mas também faz uma ótima crítica social à pandemia por se passar justamente na época da gripe espanhola onde as pessoas também faziam uso de máscara.

“Pearl” não é um filme para todos. É uma mistura de arte, cult, drama psicológico e terror, como pouca gente conseguiu colocar dentro de uma panela de pressão e sair um resultado tão saboroso.

Curiosidades:

  • “Pearl” foi filmado em segredo antes mesmo de saber se o estúdio A24 permitiria uma continuação.
  • A atriz que interpreta a mãe de Pearl, Tandi Right era a coordenadora de intimidade de “X – A Marca da Morte”. Ela foi convidada para o papel pelo diretor e ficou tão empolgada que fez um intensivo de alemão e no final conseguiu enganar dois membros alemães da equipe de filmagem.
  • O filme pornô que Pearl assiste junto com o projetista existe e se chama “A Free Ride” feito em 1915.
  • Quando Pearl entra no palco para fazer a audição há a marca do X no chão e um dos julgadores fala sobre o fator X, tudo é uma analogia ao filme antecessor “X – A Marca da Morte”.

Ficha Técnica:

Elenco:
Mia Goth
Tandi Wright
Emma Jenkins-Purro
Alistair Sewell
Amelia Reid
David Corenswet
Matthew Sunderland

Direção:
Ti West

Roteiro:
Ti West
Mia Goth

Produção:
Jacob Jaffke
Harrison Kreiss
Kevin Turen
Ti West

Fotografia:
Eliot Rockett

Trilha Sonora:
Tyler Bates
Tim Williams

ELENCO

DIREÇÃO

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