Ingresso Para o Paraíso (“Ticket to Paradise”)

Separados há 20 anos e se odiando, pai e mãe precisam juntar forças para acabar com o casamento da filha, pois acham que o noivo não é bom o suficiente para ela e tudo vira uma confusão.

A máxima do casal que se odeia e depois se entende poderia ser uma sinopse de mais uma daquelas comédias brasileiras babacas. Pelo contrário: é tudo o que uma comédia nacional poderia ser, mas não chega nem aos pés.

Começando pela dupla de protagonistas, temos ninguém menos que Julia Roberts de “O Retorno de Ben” e George Clooney de “O Céu da Meia Noite” que estão cada vez mais seletivos na escolha de seus papéis.

Eles são Georgia e David que sempre trocam farpas quando se encontram e se surpreendem quando sua única filha Lily (Kaitlyn Dever de “Detroit em Rebelião”) vai para Bali passar férias, conhece um nativo e resolve casar-se com ele. Chegando lá como convidados, Georgia e David tentam sabotar o casamento de toda forma sem que sua filha perceba a trapaça.

Além de ter um elenco que passa longe dos comediantes meia boca que costumam infestar as comédias brasileiras, o principal diferencial está no roteiro. Sim, a premissa nem é tão original e poderia se dizer até um tanto tosca. Mas os diálogos são irretocáveis, com linhas de piada e dinâmica entre personagens com uma química incrível, desde as mais engraçadas e aquelas que apelam para o draminha básico de filmes do gênero. É como se todos os clichês se tornassem originais quando escritos da forma que foi e interpretados da forma que foram.

O monólogo de George Clooney num bar sobre como seu casamento acabou tem uma performance fantástica. Os olhares, as pausas, as hesitações, tudo conta como excelente atuação para um texto muito bem escrito. Até mesmo as cenas mais absurdas como a do golfinho são menos relevantes do que o contexto. Inclusive grande parte do contexto flui naturalmente por mais forçada que possa ser a situação.

Dirigido por Ol Parker de “Mamma Mia 2“, “Ingresso Para o Paraíso” é uma comédia deliciosa e ainda cumpre a proeza de ser mais engraçada que os erros de gravação no final. É tudo o que o Brasil poderia ter como comédia se não fosse… tudo.

Ficha Técnica:

Elenco:
George Clooney
Julia Roberts
Kaitlyn Dever
Billie Lourd
Lucas Bravo
Maxime Bouttier
Senayt Mebrahtu
Vanesa Everett
Romy Poulier
Murran Kain
Sean Lynch
Isaac Priest
Rachel Sinclair
Rowan Chapman
Dorian Djoudi
Cintya Dharmayanti

Direção:
Ol Parker

Roteiro:
Ol Parker
Daniel Pipski

Produção:
Deborah Balderstone
Tim Bevan
Eric Fellner
Sarah Harvey

Fotografia:
Ole Bratt Birkeland

Avaliações dos usuários

A química perfeita

Rated 5,0 out of 5
11/09/2022

Antes de começar gostaria de dizer que a sala de cinema estava lotada, há muito tempo não assistia um filme com a sala tão cheia, e isso empolga no momento de sinalizar todas as emoções: risadas, respiros de ansiedades, suspiros. Estava com saudades dessas emoções. Não temos aqui um filme como O Casamento do Meu Melhor Amigo”, mas com potencial suficiente para ser a melhor comédia romântica do ano.

Resumindo, o filme é aquilo que realmente vemos no trailer e nos clipes, mas isso também não importa, o que importa aqui é o desenrolar da trama. O cenário é maravilhoso, fotografias maravilhosas e ótimas atuações.

Realmente o filme se agarra muito a Julia e George. Eles estão sublimes nos diálogos afiados e nos proporcionam as melhores partes do filme. George que não está tão acostumado com comédias entrega tudo para arrancar gargalhadas e não poupa situações desastrosas (caras, bocas, e tudo mais que vocês possam imaginar).

Julia, um presente vindo direto dos anos 90/ 2000, sabe exatamente o que fazer com todo o material em mãos. Enquanto George é o mais “engraçado” ela fica com a parte mais “durona” e com esboços sentimentais, bastando um piscar de olhos, uma virada de cabeça ou meia palavra para cairmos na gargalhada. E apesar disso, ela solta muitas, mas muitas gargalhadas. As tais gargalhadas que vem como um sopro de vida para nós! Com certeza eles se divertiram fazendo esse filme. Sem um pingo de dúvidas eles estão com uma química perfeita

e estão em ótima forma. Certamente a parte mais engraçada de todas é a da dança – a plateia vai ao delírio. Temos muitas outras também, mas para mim não se compara a essa. O filme é muito bem construído, Ol Parker entrega tudo que promete. Há momentos em que você esquece da trama e se concentra nas situações que estão acontecendo no momento do filme, o que faz você ficar atento à tela nos seus 102 minutos de duração. Os momentos com apelo sentimental não são muito aprofundados, mas suficientes para mexer com os corações e arrancar suspiros dos mais românticos (meu olho ficou cheio de água em dois momentos). E o filme não trata apenas de casais, mas de família, o que entendo ser mais vantajoso para o filme. O elenco dos jovens atores fazem sua parte muito bem também, minha única ressalva é para o personagem do Lucas Bravo, que poderia ser melhor aproveitado, mas também faz sua parte e arranca boas risadas. O final é um pouco previsível mas desenrolado de forma interessante também. No filme tudo flui. Os créditos finais apresentam os erros de gravação, que merecem ser vistos, porque também fazem parte do filme como comédia. No final ecoou aplausos e com certeza saí da sala de exibição com a certeza de que todos tiveram um ótimo momento ali. A sensação é de filme good vibe depois de assisti-lo, tipo valeu o ingresso e vou indicar amigos a assistirem. uma das coisas que senti mais falta foi uma trilha sonora, como tinhamos nos filmes de Julia antigamente… Como Julia disse em uma entrevista, o filme vai implodir por si mesmo. A propaganda boca a boca é certa. Alguns críticos podem “reclamar” que o filme não se aprofunda muito, mas como disse a ideia não é essa, e sim o desenrolar dos personagens na trama. Podem ficar tranquilos amigos, acredito que temos finalmente um bom material de Julia que será sucesso de público e bilheteria.

Espero ter feito uma crítica do filme. E estou doido para assisti-lo novamente.

Anonymous

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