Detroit em Rebelião (“Detroit”)

Nunca entendi como “Guerra ao Terror” da cineasta Kathryn Bigelow ganhou o Oscar de Melhor Filme em 2010. Apesar do tema extremamente relevante para época (até agora, inclusive), a produção era lenta e apelava para um drama cheio de clichês.

Da mesma forma não consigo entender como “Detroit em Rebelião” de 2017 não recebeu o reconhecimento merecido ou até mesmo indicações a prêmios. O mais intrigante é que ela utilizou a mesma técnica de filmagem e conseguiu um resultado surpreendente, pois a abordagem narrativa foi diferente.

O filme retrata a onda de protestos raciais em 1967 na cidade de Detroit que culminou no trágico evento conhecido como a “Chacina no Hotel Algiers” onde várias pessoas, quase todas negras foram espancadas por policiais e algumas delas mortas.

O filme se divide em três partes muito bem delimitadas: a introdução com a crescente tensão dos conflitos nos bairros negros da cidade, o evento do Hotel, onde passamos a maior parte do tempo, e o pós-evento com o julgamento e depois mostrando o destino dos envolvidos, algozes e vítimas.

A maior proeza da diretora foi ter uma quantidade grande de personagens e conseguir dar profundidade e história à praticamente todos. Aí entra um elenco que mistura ilustres desconhecidos, como o sensacional Algee Smith de “Judas e o Messias Negro”, com alguns bons nomes do cinema como John Boyega de “Star Wars”, Will Poulter de “Midsommar”, Anthony Mackie de “Zona de Combate” e até mesmo John Krasinski que abrilhantou o Multiverso da Loucura.

Entretanto, nada se compara ao segundo ato com um nível de tensão elevadíssimo, numa abordagem visual de tirar o fôlego e uma atuação que faz com que o espectador sinta ódio dos vilões (adivinha: os policiais) e se preocupe com cada ferimento que as vítimas levam.

Detroit em Rebelião” é um dos filmes definitivos sobre racismo estrutural e como a injustiça e impunidade é a peça chave para que ele se perpetue, além de se uma obra de arte tensa e emocionante.

Curiosidades:

  • Uma das garotas brancas sobreviventes do evento real serviu de consultora do projeto.
  • Todo o exterior do hotel, incluindo a piscina, foi construída do zero num terreno que serve de estacionamento. Depois das filmagens, desmontaram tudo para o estacionamento voltar a funcionar.
  • Algee Smith escreveu e contou a música Grow da trilha sonora do filme.

Ficha Técnica:

Elenco:
Will Poulter
Ben O’Toole
Jack Reynor
Jacob Latimore
John Boyega
Algee Smith
Kaitlyn Dever
Hannah Murray
Dennis Staroselsky
Darren Goldstein
Joseph David-Jones
Leon Thomas III
Ephraim Sykes
Samira Wiley
Malcolm David Kelley
Nathan Davis Jr.
Ricardo Pitts-Wiley
Joey Lawyer
Will Bouvier
Jason Mitchell
Peyton ‘Alex’ Smith
Morgan Rae
Anthony Mackie
David Flannery
Gbenga Akinnagbe
Timothy John Smith
Kris Sidberry
Lizan Mitchell
Chris Coy
Ato Blankson-Wood
Glenn Fitzgerald
John Krasinski

Direção:
Kathryn Bigelow

Produção:
Kathryn Bigelow
Mark Boal
Matthew Budman
Megan Ellison
Colin Wilson

Roteiro:
Mark Boal

Fotografia:
Barry Ackroyd

Trilha Sonora:
James Newton Howard

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