De vez em quando Hollywood solta um desses thrillers policiais com um elemento de ficção científica ou sobrenatural. Dificilmente vinga. Não foi muito diferente aqui.
Ben Affleck, que neste momento também está no cinema revivendo o Batman em “The Flash” é o policial Danny, que teve sua filha sequestrada há dois anos e vive num constante luto. Quando vai investigar um assalto a banco, descobre que o criminoso (William Fichtner de “12 Heróis”) tem poderes paranormais capaz de fazer as pessoas verem o que ele quiser e que ele também pode estar ligado ao desaparecimento de sua filha. Para desvendar esse enigma, Danny encontra a misteriosa cartomante Diana (a nossa Alice Braga de “Eduardo e Mônica”).
Depois do ótimo “Alita – Anjo de Combate”, o diretor Robert Rodriguez põe em prática esse roteiro que escreveu em 2002 sem muitas de suas marcas registradas e com um elenco de fazer inveja. E a história funciona pelo menos até o fim do segundo ato.
É quando acontece uma tremenda reviravolta que, ao mesmo tempo que parece genial, também mata o filme daí para frente. O problema da reviravolta em si só aparece após uma análise mais cautelosa e, sem dar spoilers, tudo o que dá para dizer é que toda a construção narrativa até então não alcançaria o seu objetivo. Não entendeu? Vai na parte de curiosidades lá embaixo na parte de spoilers que eu explico.
Só que o que realmente prejudica a produção é tudo o que vem depois. Robert Rodriguez, no bom português, mete o “lôco” num vale tudo onde qualquer coisa pode acontecer e nada é o que parece. Ele chegou num exagero que seria possível qualquer coisa e então começam a acontecer micro-plot-twists sem sentido algo, mas apenas para causar surpresa. A própria cena pós créditos (sim, tem uma) não faz sentido.
Tampouco é explicável a mecânica das ilusões que envolvem até gente andando de helicóptero pousando onde não existe. Isso aliás contrasta com o que havia sido explicado até a grande reviravolta do segundo ato, onde as ilusões eram mais estruturadas.
“Hipnótico” começa bem, mas perde a mão rumo ao final, mais ou menos na mesma proporção em que o espectador perde o interesse em acompanhar a maluquice.
Curiosidades:
- Teve uma marca registrada de Robert Rodriguez que está presente, pelo menos nos bastidores: quase toda sua família trabalhou no filme, desde figurantes, compositores e principalmente técnicos de efeitos especiais, já que ele tem a sua própria empresa.
- Há uma cena em que um personagem conta uma piada sobre um homem que aposta que faz xixi num copo. Essa mesma piada existe em outro filme de Robert Rodriguez, “Desperado” e foi escrita pelo seu amigo Quentin Tarantino.
***SPOILERS – SÓ LEIA SE JÁ TIVER ASSISTIDO AO FILME***
- O grande problema da reviravolta, quando Danny descobre que tudo foi uma grande simulação para que seu subconsciente informe onde ele escondeu a própria filha é que, nesse momento, descobre-se que ele resetou a sua própria mente, deixando pistas em determinados locais. Porém seria impossível que a simulação soubesse exatamente onde estavam essas pistas (que no final revela-se que era apenas uma). Ou seja, a história contada na simulação não deveria nem de perto trazer alguma revelação para a “organização”.
- O pior é que a tal pista não existe de verdade. Ela até deve existir, mas nunca estaria numa simulação que não é controlada pelo próprio Danny.
- Sendo assim, a única forma de Danny revelar seria deixando-o viver sua vida normalmente e segui-lo para agarrar a tal pista, o que, em vista da coerência, seria uma opção muito melhor e mais barata.
Ficha Técnica:
Elenco:
Ben Affleck
Alice Braga
JD Pardo
Dayo Okeniyi
Jeff Fahey
Jackie Earle Haley
William Fichtner
Zane Holtz
Ruben Javier Caballero
Kelly Frye
Sandy Avila
Ryan Ryusaki
Hala Finley
Ionie Olivia Nieves
Corina Calderon
Direção:
Robert Rodriguez
História e Roteiro:
Robert Rodriguez
Max Borenstein
Produção:
Guy Botham
Lisa Ellzey
Mark Gill
John Graham
Jeff Robinov
Racer Rodriguez
Robert Rodriguez
Fotografia:
Pablo Berron
Robert Rodriguez
Trilha Sonora:
Rebel Rodriguez