Eduardo e Mônica

Daqui a pouco vamos ter um subgênero chamado “adaptações da história / músicas de Renato Russo e Legião Urbana”. Muito mais do que um letrista, Russo também era contador de histórias e está em particular de Eduardo e Mônica feita em 1986 nos fazia acreditar que não só o amor, mas um relacionamento duradouro entre duas pessoas tão diferentes (ou diversas) era possível. E isso ecoa principalmente nos dias de hoje onde a relação entre duas pessoas é banalizada.

O melhor dessa nova produção de René Sampaio, responsável pela adaptação de outra música de Renato Russo, “Faroeste Caboclo”, é que o filme, tal qual a música, em pleno 2022, nos faz acreditar novamente que é possível sim encontrar e ter alguém na sua vida tão diferente. Alice Braga (“Esquadrão Suicida”) e o ator e modelo Gabriel Leone são o par Mônica e Eduardo.

Roteiro e direção conseguiram contextualizar quase todos os elementos da música numa história coesa com uma linha narrativa única, deixando o experimentalismo de lado e criando um romance de cunho universal e honesto. Mais honesta ainda é a atuação dos protagonistas: Alice Braga como Mônica está exalando um carisma com sorrisos sinceros, amorosos, olhos marejados que vislumbra uma liberdade utópica, mas ao desenrolar da trama se vê no dilema de escolher o que realmente é liberdade para ela.

Leone que faz sua contraparte Eduardo, por sua vez, começa um pouco exagerado, mas vai pegando o ritmo do personagem e já no meio do filme está completamente imerso no drama de ser mais novo, menos experiente, mas ainda assim querer ter uma voz no relacionamento. Destaque para Victor Lamoglia que faz o melhor amigo de Eduardo, o qual funciona tanto como alívio cômico quanto uma homenagem ao próprio Renato Russo na emblemática cena do ônibus no último ato.

E falando em cenas emblemáticas, difícil o espectador não se identificar e se emocionar com o final e também no fim do primeiro ato com a icônica performance de Total Eclipse of the Heart, que funciona como motor propulsor para o que vem a seguir.

Por sinal a trilha sonora foi acertadíssima composta e com seleção de músicas escolhidas por Fabiano Krieger e Lucas Marcier de “Minha Vida em Marte”. Não só convertem a música original “Eduardo e Mônica” em vários acordes e versões orquestradas semelhantes, como também fazem uma playlist de dar inveja passando pela nata dos anos 80 com A-ha, The B-52s, The Clash, o grande Tim Maia e, claro, Legião Urbana com “Geração Coca-Cola”.

Eduardo e Mônica” é tudo de bom que o cinemão comercial pode entregar num romance belo, bem humorado, carismático, com ritmo e fazendo a melhor homenagem ao saudoso Renato Russo por ser honesto com a música e consigo mesmo.

Curiosidades:

– O ator Fabrício Boliveira, protagonista de “Faroeste Caboclo” faz aqui uma participação especial na cena da segunda festa no primeiro ato.
– Eduardo tem 16 anos no início do filme, mas o ator Gabriel Leone tem 28 anos. Só que enquanto ele tem 28 anos, Alice Braga tem 38 anos, ou seja, 10 anos de diferença. Na música nunca é dita a idade de Mônica, mas como ela estava no início da prática de medicina, conclui-se que a diferença de idade entre os personagens seria de no máximo 6 a 7 anos, o que é menor do que a diferença da dupla artistas na realidade.

Ficha Técnica

Elenco:
Alice Braga
Gabriel Leone
Otávio Augusto
Victor Lamoglia
Fabrício Boliveira
Juliana Carneiro da Cunha
Eli Ferreira
Ivan Mendes
Digão Ribeiro
Bruna Spinola
Luísa Viotti

Direção:
René Sampaio

Produção:
Bianca De Felippes
René Sampaio

Fotografia:
Gustavo Hadba

Trilha Sonora:
Fabiano Krieger
Lucas Marcier

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