Essa adaptação do conto de Stephen King feito em 1973 consegue passar ilesa sem cair nas armadilhas usuais do gênero, mas perde algumas boas oportunidades de se diferenciar.
Após a morte da mãe, família precisa lidar com o luto, mas também se depara com uma criatura que se alimenta do sofrimento das pessoas.
A natureza da criatura nunca é muito bem explicada e o espectador tem que engolir alguns pontos obscuros como o “teletransporte” que ela faz de uma casa para outra ou o quanto ela precisa ser atingida para morrer, o que é um elemento fundamental do terceiro ato.
Por outro lado, o filme explora bem a escuridão como ambiente da criatura e sempre que pode, gera tensão sobre como ela é, já que só se movimenta onde não há luz.
Talvez se exagere demais em escondê-la no breu mesmo no último ato já que o público vai ter certa dificuldade em percebê-la como um todo e só no confronto final há um vislumbre mais apurado de sua forma.
Um aspecto relevante ao roteiro e que supreendentemente foi bem trabalhada é o drama da perda da mão vivida pela família, o que os torna muito mais que meros estereótipos do gênero: o ótimo Chris Messina de “Air” está introspectivo e cheio de camadas emotivas; Sophie Thatcher que agora está bombando na série “Yellowjackets” é o centro da trama é a que mais sofre com a morte da mãe; e a garotinha Vivien Lyra Blair que já começou a carreira em filmes como “Birdbox” e ainda vivendo ninguém menos que a Princesinha Leia na série “Obi-Wan Kenobi” é a melhor coisa do filme, pois sabe ser fofa no momento certo e demonstra profissionalismo nas cenas mais tensas onde precisa estar aterrorizada, sem nunca abandonar a mentalidade da criança que é.
“Boogeyman” mostra um ótimo bicho-papão, um pouco escondido demais, um elenco que entendeu muito bem sua própria complexidade, bons sustos que ainda poderiam ter mais potencial, resultando num programa decente de terror.
Curiosidades:
- O número da casa da família é o 19, um importante número no universo de Stephen King.
- O jogo de vídeo game que Sawyer (a criança) joga se chama “The Pathless”.
- Existem outras histórias de bicho-papão em longa-metragem: “Força Assassina” de 1980 e “O Pesadelo” de 2005, mas nenhuma delas é adaptação do conto de Stephen King. Houve sim um curta-metragem que foi uma adaptação homônima feita em 1982.
- Além de Vivien Lyra Blair, Sophie Thatcher também está no universo de Star Wars na série “O Livro de Boba Fett”.
Ficha Técnica:
Elenco:
Sophie Thatcher
Chris Messina
Vivien Lyra Blair
David Dastmalchian
Marin Ireland
Madison Hu
Maddie Nichols
Leeann Ross
Shauna Rappold
LisaGay Hamilton
Direção:
Rob Savage
História e Roteiro:
Mark Heyman
Scott Beck
Bryan Woods
Stephen King
Produção:
Dan Cohen
Dan Levine
Shawn Levy
Fotografia:
Eli Born
Trilha Sonora:
Patrick Jonsson