Por mais que tenha perdido a mão na 4º fase do desenvolvimento de seu universo, a Marvel – algora “Disneyficada” – manobra com um cuidado sobre humano todos os seus elementos para que sejam consistentes com a sua criação e tem um planejamento de no mínimo 5 anos para cada lançamento.
Já a DC, como se pode ver no novo “Adão Negro”, não quer nem saber de lógica e convive com dezenas de multiversos que não fazem a menor questão de se conversarem, muito menos de fazerem sentido. O que não a impede de fazer alguns ótimos filmes de ação com super-heróis como é o caso. Mais ainda se tiver a presença de Dwayne Johnson, o The Rock, o queridinho de Hollywood, visto por aqui pela última vez na produção da Netflix “Alerta Vermelho”.
Ele dá vida ao Adão Negro, vilão nos quadrinhos, mas aqui no cinema, construído como um anti-herói (claro é o The Rock), e que é uma espécie de Shazam às avessas, que mata mesmo. Só para se ter uma idéia a quantidade de mortes “mostradas” nos primeiros 15 minutos de filme é maior do que todas as mortes que a Marvel já mostrou em quase duas décadas de universo.
Depois de 5 mil anos preso, ele é libertado por uma incauta exploradora na fictícia cidade de Kahndaq para que ele faça justiça contra um grupo de terroristas que ocupa a cidade e que quer uma mágica coroa para libertar um demônio. Só que ele ainda tem que se ver com a Sociedade Secreta da Justiça, mais um grupo de super-heróis lideradas pela Amanda Waller (Viola Davis repetindo seu papel), a mesma que lidera o Esquadrão Suicida (nas duas versões), já assim fazendo um link com outros filmes da DC.
O diretor Jaume Collet-Serra volta a trabalhar para a Disney e com Dwayne Johnson depois do bacaninha “Jungle Cruise” e traz ação eletrizante e gráfica que deve agradar bastante o público, com o roteiro parte de um clichê comum em filmes do gênero onde dois grupos de antagonistas no final acabam precisando se unir para lutar contra um inimigo em comum e, enquanto a hora não chega, vão se digladiando.
Com a maioria do elenco desconhecido, The Rock dá um show de carisma, mesmo com um personagem uniforme, e aí há uma excelente sacada de roteiro sobre sua origem que é revelada próximo do último ato que talvez seja a parte mais inteligente da história.
A produção também incorpora um senso de humor aguçado sem parecer piegas, mas, claro, também escorrega em alguns momentos, como o chatíssimo garoto que parece ter a única função de causar problemas para os heróis resolverem, ou a desnecessária “batalha” (sim entre aspas) do pessoal da cidade contra o que posso chamar de os demônios mais fracos do planeta, que são mortos só com um toquezinho e deixando um saldo de zero mortos do lado dos humanos. Com poderes assim, esse vilão poderia ter pedido para sair mais cedo.
Ah, tem a cena pós créditos que vai fazer todo mundo pular da cadeira e que sobe o nível do universo DC, mesmo que provavelmente não tenha nada a ver com o que vem por aí.
“Adão Negro” abre um novo braço para os heróis da DC e funciona muito bem como um filme solo, com ação de primeira linha, ótimos efeitos especiais, clichês que funcionam e um protagonista que atualmente é um dos mais poderosos, senão do universo DC, de Hollywood.
Ficha Técnica:
Elenco:
Dwayne Johnson
Aldis Hodge
Pierce Brosnan
Noah Centineo
Sarah Shahi
Quintessa Swindell
Marwan Kenzari
Bodhi Sabongui
Mohammed Amer
James Cusati-Moyer
Jalon Christian
Benjamin Patterson
Odelya Halevi
Uli Latukefu
Jennifer Holland
Viola Davis
Henry Cavill
Direção:
Jaume Collet-Serra
Roteiro:
Adam Sztykiel
Rory Haines
Sohrab Noshirvani
Produção:
Beau Flynn
Dany Garcia
Hiram Garcia
Dwayne Johnson
Fotografia:
Lawrence Sher
Trilha Sonora:
Lorne Balfe
