A Cor Púrpura (“The Color Purple”)

Existe uma grande diferença entre escrever um musical do zero e adaptar uma obra para um musical, principalmente quando este já tem uma adaptação cinematográfica anterior que não é musical. E estamos falando de nada menos que o clássico de Steven Spielberg, “A Cor Púrpura” de 1985.

Quando se escreve um musical do zero, toda a abordagem é feita pensando nas músicas como se a história fosse fluida entre elas. Já ao adaptar uma obra que já passou pelo cinema, os realizadores devem fazer escolhas difíceis, pois como a duração de um filme não varia tanto, a profundidade de personagens ou alguns eventos devem ser cortados em prol dos números musicais. Pensando que o original de Spielberg tem 2h35min, enquanto este novo musical tem 2h21min, as decisões devem ter sido mais delicadas ainda.

Importante acrescentar que essa produção na verdade bebe da fonte do livro original de Alice Walker, do filme de Spielberg e principalmente da adaptação para um musical de teatro escrito por Marsha Norman. Aliás, o teatro foi uma inspiração tão grande que duas das atrizes do trio principal, repetem no filme os papéis que fazem na peça: Fantasia Barrino como a protagonista Celie já adulta e Danielle Brooks do também musical “tick, tick… Boom!” como Sophia, amiga de Celie.

Para quem não sabe do que se trata a história, Celie e sua irmã Nettie são separadas na adolescência depois que seu pai adotivo faz Celie casar com o bruto Mister (Colman Domingo do último “Transformers”) e ainda tenta violentar Nettie, que finalmente foge, deixando Celie numa vida miserável com seu marido.

Os anos vão passando e uma série de eventos faz com que suas vidas percorram altos e baixos, mas tudo muda com a chegada de uma famosa cantora, Shug (Taraji P. Henson de “Raça e Redenção”).

O saldo é positivo: se no início, a direção do ainda desconhecido Blitz Bazawule apontava para uma mesmice com músicas que batiam na mesma tecla de ritmo que parecia ter saído de um álbum do Rag’n’Bone Man, já na metade, tanto as músicas engrenam com um blues e gospel mais diversificado e composições de Kris Bowers (“Mansão Mal Assombrada”), quanto a história, demonstrando a força de seu elenco que está tão afinado que fica até difícil apontar um destaque.

A fotografia de Dan Laustsen (“John Wick 4”) é o que mais se aproxima da lembrança do clássico de 1985 e vem sempre com tomadas belíssimas e criativas.

Apesar de não fazer frente com “A Cor Púrpura” de Spielberg, este musical consegue emocionar gradativamente a partir da metade e demonstra grande competência narrativa nos momentos cruciais, contando com um elenco de primeira.

Curiosidade:

  • A última cena do filme foi a primeira a ser filmada.
  • A protagonista do clássico de 1985, Whoopi Goldberg faz uma participação logo no início do filme como a parteira. Já Oprah Winfrey, que fez Sophia no original não quis participar do filme, mas apenas como produtora, junto com Steven Spielberg.
  • A música indicada ao Oscar de Melhor Canção em 1985, “Miss Celie’s Blues (Sister)”, não estava na adaptação de teatro, mas volta a aparecer neste musical para cinema.

Ficha Técnica:

Elenco:
Fantasia Barrino
Taraji P. Henson
Danielle Brooks
Colman Domingo
Corey Hawkins
Phylicia Pearl Mpasi
Halle Bailey
Ciara
H.E.R.
David Alan Grier
Deon Cole
Jon Batiste
Louis Gossett Jr.
Tamela J. Mann
Aunjanue Ellis-Taylor
Elizabeth Marvel
Stephen Hill
Adetinpo Thomas
Tiffany Elle Burgess
Terrence J. Smith
Aba Arthur

Direção:
Blitz Bazawule

História e Roteiro:
Marcus Gardley

Produção:
Quincy Jones
Scott Sanders
Steven Spielberg
Oprah Winfrey

Fotografia:
Dan Laustsen

Trilha Sonora:
Kris Bowers

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