Sem sombra de dúvidas, o novo capítulo de John Wick tem algumas das melhores cenas de ação de todos os tempos. Uma mistura de técnica de filmagem, coreografia, efeitos especiais, além de uma preparação física invejável de Keanu Reeves e seus coadjuvantes.
Por outro lado, talvez tão surpreendente quanto, num universo em constante expansão durante a saga, a história desse capítulo parece diminuir o tamanho e a complexidade das relações entre os personagens construídas até “John Wick 3”, quase como se retrocedesse.
A premissa é bem simples: para tentar ter a sua paz e liberdade John desafia o membro mais poderoso da Cúpula, o Marquês de Gramont (Bill Skarsgård de “Noites Brutais”, numa interessante interpretação) para um duelo. Até o momento do duelo, ele precisa se livrar de todas as centenas de assassinos atrás dele.
Desde o antecessor, só que ainda mais, a produção tem uma geografia de dar inveja a James Bond, passando pelos EUA, Oriente Médio, Alemanha, França, entre outros países com a rapidez de um teletransporte e num universo onde a polícia parece não existir… tipo no Brasil, risos…
Se falta polícia de um lado, sobram assassinos do outro: é um mundo onde, por exemplo, somente em Paris deve ter mais assassinos que habitantes normais.
Nesse capítulo tudo é mais épico e potente, incluindo, é claro, as cenas de ação, o próprio protagonista parece ainda mais forte, quase um Wolverine, já que em algumas sequências ele passa por tiros, impactos, atropelamentos, quedas que matariam qualquer um em segundos, mas que, no caso de Wick, mal atordoam o herói e logo depois ele já está de pé quebrando a cara de todo mundo.
É eletrizante também pelo fato de que no trailer não tem nem o cheiro das melhores cenas, surpreendendo ainda mais o espectador.
Destaque para o astro das artes marciais Donnie Yen que aqui faz um assassino cego, tal qual também o fez em “Star Wars – Rogue One”. Ele é tão detalhista nas lutas que é possível entender como alguém cego consegue ser tão preciso e letal.
Outro ponto alto é Scott Adkins de “Dupla Jornada”, geralmente relegado a coadjuvante de filmes de ação de B para baixo, está sensacional com uma ótima maquiagem como o dono do cassino na Alemanha.
E Keanu Reeves? Ah, ele está operando no modo Reeves de atuação, naquela voz monossilábica de Wick como se cada palavra fosse um peso ao sair de sua boca. Em alguns momentos chega a ser engraçado, mas Reeves sempre ganha pelo carisma.
Finalmente, voltando a falar na história, o diretor Chad Stahelski teve tantas oportunidades de explorar os mais variados caminhos, seja o passado de John Wick, seja a Cúpula como o próprio centro do poder, mas inexplicavelmente não mostrou nada além do que já conhecíamos e jogou todas as suas toneladas de cenas de ação nas quase 3 horas de filme.
Seu desfecho se apega ao clichê e, até as cenas pós créditos são previsíveis para os mais atentos.
“John Wick: Baba Yaga” é uma experiência como poucas no sentido da ação, mas percebe-se o quanto uma boa história faz falta quando o assento começa a ficar desconfortável de cansaço mesmo com todos os tiros, facas, espadas, porradas, e sangue jorrando na tela. Ainda assim, é recomendado na base do ver para crer.
Curiosidades:
- A inspiração do diretor para esse capítulo foi no clássico “Guerreiros da Noite”, inclusive a parte onde a DJ de rádio fala sobre John Wick é igualzinha ao que acontece no filme de 1979.
- O ator Lance Reddick que interpreta o concierge do hotel Continental faleceu 1 semana antes da estreia do filme.
- Keanu Reeves passou 12 semanas treinando para fazer seus próprios dublês em cena.
- Filme mais longo da franquia John Wick.
Ficha Técnica:
Elenco:
Keanu Reeves
Laurence Fishburne
George Georgiou
Lance Reddick
Clancy Brown
Ian McShane
Marko Zaror
Bill Skarsgård
Donnie Yen
Aimée Kwan
Hiroyuki Sanada
Shamier Anderson
Rina Sawayama
Scott Adkins
Direção:
Chad Stahelski
História e Roteiro:
Shay Hatten
Michael Finch
Produção:
Basil Iwanyk
Erica Lee
Chad Stahelski
Fotografia:
Dan Laustsen
Trilha Sonora:
Tyler Bates
Joel J. Richard