Resistência (“The Creator”)

Gareth Edwards foi o cara que fez um dos melhores (senão o melhor) episódio da saga de Star Wars para o cinema, “Rogue One”. Então é bom prestar atenção em seus projetos.

Esta sua nova empreitada é uma ótima ficção científica que pega um tema atual, com direito a jornada emocional, mas que teve um marketing empalidecido, pelo menos no Brasil.

Num futuro alternativo, Anos após uma Inteligência Artificial supostamente ter detonado uma bomba nuclear em Los Angeles, os EUA aboliram totalmente essa tecnologia e entraram em guerra com o continente da Eurásia porque eles não fizeram o mesmo.

Nesse cenário conhecemos Joshua (John David Washington de “Amsterdã”), um ex-combatente que perdera a esposa na guerra, que volta à ativa e deve encontrar e destruir uma arma que pode definir a guerra. Só que essa arma é uma criança robô fofíssima que acaba conquistando o protagonista e transformando-o em alvo de ambos os lados.

A direção de Edwards é o melhor aspecto da produção, pois cria um mundo que consegue conciliar altíssima tecnologia com elementos que conhecemos sem que pareça algo forçado (reparem a dualidade bucólico e metrópole ou como naves convivem com automóveis).

Além disso, ele pega alguns clichês já extensamente usados em clássicos da ficção como “Matrix”, “I.A. – Inteligência Artificial”, “Chappie”, entre outros e usa em seu favor (às vezes é escancarado, mas tudo bem). Os efeitos especiais são sensacionais e, só de se conseguir um equilíbrio tão grande entre efeitos práticos e CGI faz toda a diferença na textura do que vemos.

Tão importante quanto à trama da guerra com a inteligência artificial é a jornada emocional de Joshua, onde reside o maior diferencial, pois seu arco narrativo está totalmente imerso nos eventos que culminaram na operação que participa, o que leva a um belíssimo desfecho que talvez pudesse ser esticado um pouquinho mais, pois justo nessa hora, o diretor parece ter pressa em finalizar.

Aliás, John David Washington é aquele ator “calça jeans”: não tem a técnica do pai, Denzel, mas consegue caber em qualquer papel entregando ótimos resultados. E não podemos esquecer da estrela mirim Madeleine Yuna Voyles que dá um show como a I.A. Alfie, pois seu desenvolvimento e complexidade ao longo da trama são sensacionais. Fora que Allison Janney de “Má Educação” surpreende como uma vilã de ação com uma força e presença em tela absurda.

Ainda dá tempo de fazer uma ótima crítica social comparando essa guerra do filme com a Guerra do Vietnã, não só pela localização (sudoeste da Ásia), mas pelas motivações sem propósitos e desproporcionais.

Resistência” é um épico de ficção com design de produção de primeira linha, elenco impecável e história bem contada.

Curiosidades:

  • Na cena do aeroporto, um dos destinos no painel de embarque é Scarif. Scarif é um dos planetas mostrados em “Star Wars – Rogue One”.
  • Nomad, que é o nome da estação espacial de guerra americana no filme, também é um easter egg a inteligência artificial encontrada pela tripulação da Enterprise na icônica série dos anos 60, “Star Trek – Jornada nas Estrelas”.
  • Nirmata (o nome do desenvolvedor master da I.A.) significa “O Criador” (título original do filme) em hindu.

Ficha Técnica:

Elenco:
John David Washington
Madeleine Yuna Voyles
Gemma Chan
Allison Janney
Ken Watanabe
Sturgill Simpson
Amar Chadha-Patel
Marc Menchaca
Robbie Tann
Ralph Ineson
Michael Esper
Veronica Ngo
Ian Verdun
Daniel Ray Rodriguez
Rad Pereira
Syd Skidmore
Karen Aldridge
Teerawat Mulvilai
Leanna Chea

Direção:
Gareth Edwards

História e Roteiro:
Gareth Edwards
Chris Weitz

Produção:
Gareth Edwards
Kiri Hart
Arnon Milchan
Ace Salvador
Jim Spencer

Fotografia:
Greig Fraser
Oren Soffer

Trilha Sonora:
Hans Zimmer

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